Cavaco Silva
Há uma investigação em curso, do Parlamento Europeu (PE) e de vários parlamentares nacionais. De acordo com a informação de que disponho, o Governo português não fez nada que fosse contra o Direito Internacional. Não tenho nenhuma informação que vá no sentido de dizer que Portugal executou acções contra o Direito Internacional ou contra os direitos humanos. (...) Penso que os Estados europeus, e não só os europeus, devem ter conhecimento do que acontece no seu espaço aéreo; e a sua actuação relativamente aos pedidos para utilização do espaço aéreo deve respeitar as normas internacionais. Eu, quando era primeiro-ministro, disse que não a um transporte de armas para um país do Médio Oriente. E disse que não a um aliado de Portugal. Mas, agora, não tenho informação suficiente para julgar ou censurar o que os países em questão fizeram. (... ) Tenham ou não existido essas prisões secretas, as democracias caracterizam-se pelo respeito, na forma como tratam os seus inimigos. A tolerância e o respeito pelos direitos humanos são o nosso grande activo. E, por isso, entendo que o PE possa estar preocupado com a possibilidade de isso ter ocorrido no seu território. Embora de momento não haja dados que o demonstrem.
Carlos Coelho
A reunião tem um significado simbólico, por ter sido a primeira vez em que houve uma cooperação efectiva entre o parlamento Europeu e parlamentos nacionais.
Martins da Cruz
É óbvio que não tive conhecimento de nada, nem sei se elas ocorreram. Mas, se eram voos oficiais, da Administração norte-americana há um procedimento que está regulamentado mas creio que tudo isto é uma borbulha de especulação e penso que se tratam de voos de empresas privadas admitindo sem conceder, que essas empresas privadas estariam ligadas à Administração norte-americana, quem tem a ver com isso são as autoridades da aeronáutica civil.
Johannes Laitenberger, Porta-voz da Comissão Europeia
Durante o seu período enquanto Primeiro-ministro português, (Dr. Durão Barroso) nunca autorizou voos da CIA nem teve conhecimento da passagem destes por solo português.
Carlos Coelho
Todas as atitudes titubeantes na colaboração com este esforço avolumam as suspeitas. Receio que isto esteja a suceder com Portugal.(...) Hoje existe uma atenção internacional relativamente a Portugal que não havia do início. (...) O essencial é que haja um esforço de cooperação para provar que existe boa fé e não há nada a esconder.
Carlos Coelho
Não faz sentido nenhum chamar a depor o antigo primeiro-ministro português e actual presidente da Comissão Europeia Durão Barroso.
Miguel Angel Moratinos
O Governo actual não teve conhecimento em nenhum caso nem autorizou operações que implicassem a violação da legalidade no nosso território. (...) No entanto, o território espanhol "poderá ter sido utilizado não para cometer delitos em si, mas como escala para a realização de crimes no território de outros países
Carlos Coelho
A intervenção de Miguel Angel Moratinos foi muito esclarecedora. Fiquei com a sensação de que foi muito sincero. Espero que a presença de Miguel Angel Moratinos sirva de exemplo para outros governos já convidados
Luís Amado
Estou em condições de a muito curto prazo, dar resposta às solicitações da deputada Ana Gomes e do presidente da Comissão do PE.
Erkki Tuomioja, MNE finlandês
A existência de locais secretos de detenção onde as pessoas são mantidas num vazio legal não está de acordo com o direito humanitário internacional e o direito criminal internacional
Gijs de Vries (EU counter-terrorism coordinator)
Secret prisons are illegal, immoral, and counter-productive in any strategy to win hearts and minds
Ana Gomes
Não tenho a mais pequena dúvida de que o governo responderá positivamente, nunca tive, porque me recuso completamente a pensar que um governo, ainda por cima socialista português, alguma vez se poderia pôr numa posição de não cooperar com o Parlamento Europeu num inquérito que é da maior relevância, porque tem a ver com as questões essenciais do Estado de direito democrático.
Alfred Hoffman (embaixador dos EUA em Lisboa)
Assim, estamos a trabalhar em todas estas questões que surgiram e necessitamos de um consenso com a Europa, e nas actuais circunstâncias. Mas essas prisões vão permanecer secretas e manter-se nos actuais locais. É possível prender novos dirigentes da Al-Qaeda, que serão enviados para esses locais.(...) - Por que deveríamos divulgar essa informação? Suponha que capturávamos Bin Laden. Dizíamos ao mundo onde o mantínhamos detido? Num hotel de Paris? Porque faríamos isso? Uma pessoa normal entende que não podemos dar essa informação...
Manuel Alegre
O reconhecimento, da parte de George W. Bush, de que em prisões fora dos EUA se pratica a tortura é uma derrota moral para a democracia e é também uma vergonha para os países europeus que, por acção ou omissão, tenham sido coniventes. (...) Sinceramente, fica-me a dúvida se este ou outro Governo tiveram conhecimento dos voos em território português. Parece-me difícil que isso acontecesse sem o seu conhecimento.
Carlos Coelho
A admissão de Bush prova que o Parlamento Europeu tinha razão. Havia quem criticasse o PE dizendo que as alegações eram um ataque aos EUA. Não é verdade. Está provado que havia prisões secretas e que o nosso receio era legítimo.
George Bush
Os terroristas detidos têm conhecimento sobre a forma como as redes actuam. Para vencer a guerra ao terror, teremos de deter, interrogar e, quando for apropriado, julgar terroristas capturados nos Estados-Unidos e nos campos de batalha espalhados por todo o mundo. (...) Um pequeno número de suspeitos de terrorismo capturados durante a guerra tem sido detido e interrogado fora dos EUA, num programa paralelo dirigido pela CIA. (...) A CIA usou um conjunto de procedimentos alternativos para interrogar os alegados terroristas. Estes métodos foram concebidos para serem seguros, obedecerem às nossas leis, à nossa constituição e aos tratados que ratificamos. Os procedimentos são duros, mas legais e necessários. (...) Quero ser muito claro: os EUA não praticam a tortura. Esta vai contra as nossas leis e os nossos valores. Não autorizei o recurso a esse método e nunca o irei autorizar.
Carlos Coelho
Portugal ficaria numa situação muito desagradável, numa posição de suspeita se outra fosse a decisão do governo português. A nível europeu, se Portugal fosse por essa via, ficaria mal porque daria a ideia de que tem alguma coisa a esconder. (...) uma declaração de vontade de cooperar, embora faltassem documentos que vêm referenciados no texto e não vêm em anexo
Ana Gomes
A mim não me passa pela cabeça que um Governo socialista, que obviamente sabe muito bem que o Parlamento Europeu é um parlamento também eleito pelos portugueses, se furtasse a prestar ao Parlamento Europeu os esclarecimentos necessários. (...)
Luís Amado
Há uma investigação que está a ser desenvolvida no Parlamento Europeu. Haverá conclusões sobre esse facto em concreto quando e se for oportuno. (...) Estamos a preparar a resposta adequada às questões pedidas. (...) É de difícil aceitação que se levante qualquer suspeita sobre a colaboração do Governo português com o PE quando todos os elementos que foram solicitados anteriormente foram respondidos pelo meu antecessor, com anexos dos ministérios da Defesa, da Administração Interna e das Obras Públicas e Transportes
Vera Jardim
Que passaram por Portugal aviões da CIA, penso que hoje não há dúvidas sobre isso. (...) Outra coisa é saber precisamente quais as missões desses aviões e isso ninguém sabe neste momento, pois apenas se conhecem as passagens dos aviões e os seus destinos. (...) Ninguém sabe neste momento se passaram aviões com prisioneiros para Guantánamo ou outros destinos. Provas, pensamos que não existem.