Carlos Coelho dá entrevista sobre as eleições europeias a um Website brasileiro

O que você achou do número de votantes na última eleição, onde apenas 43% foram votar? Como a população pode ser mais motivada a votar nas próximas eleições?

Em eleições europeias, desde 1994 (56,7%) todos os sufrágios tiveram níveis de participação inferiores a 50%.  Isso preocupa-nos porque essa não é a tradição democrática europeia noutros sufrágios (para eleições nacionais ou autárquicas, por exemplo) embora seja comum em democracias como os Estados Unidos da América.  Tem de haver melhor informação sobre a construção europeia e as funções das instituições comunitárias e tem de se pedir aos políticos nacionais que não façam discursos enganosos sobre a Europa comum.  É infelizmente frequentemente que os governantes se ufanem com o resultado de boas negociações e responsabilizem "Bruxelas" com os problemas que parecem não ter solução.  Quando se "nacionalizam" os sucessos e se "bruxelizam" os problemas é fácil os cidadãos ficarem com uma ideia destorcida da mais-valia da União Europeia

Como ficará o Parlamento com a maior parte das cadeiras ocupadas por um Partido de centro-direita? Quais serão as mudanças e o que a população pode esperar?

O PPE já era o maior partido no hemiciclo anterior.  O que aconteceu foi uma queda grande do Partido Socialista Europeu.  A principal consequência desta composição do Parlamento Europeu é a certeza na recondução de Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia.  Se os socialistas tivessem ganho as eleições já tinham anunciado que seria outro o candidato a Presidente da Comissão que não o antigo Primeiro-Ministro português (falava-se de um antigo Primeiro-Ministro dinamarquês actualmente Presidente do partido Socialista Europeu).  Quando às políticas a seguir terão em atenção os valores do PPE embora ao nível europeu e face à necessidade de haver maiorias qualificadas em grande parte dos processos decisórios a tentativa seja sempre a de obter compromissos e não de fazer valer uma curta maioria.  Tenta-se respeitar e valorizar a opinião das diversas forças políticas, das diferentes instituições comunitárias e dos diversos Estados-Membros.