Pacheco Pereira: ambiguidades europeias e luta contra o terrorismo

O Vice-Presidente do PE José Pacheco Pereira, num debate sobre a luta contra o terrorismo, no Plenário de Estrasburgo, comentou "algumas ambiguidades" europeias.

Pacheco Pereira afirmou que, "embora os atentados terroristas mais importantes do último ano se tenham dado em Nova Iorque e em Bali, seria interessante fazer uma reflexão sobre qual teria sido a resposta da Europa se o atentado original que nos chamou a atenção para a importância do terrorismo, o atentado do 11 de Setembro de 2001, se tivesse dado na Europa, se os aviões, em vez de terem atingido as torres de Nova Iorque, tivessem atingido a Torre Eiffel, os edifícios do Parlamento Europeu ou qualquer outro importante edifício europeu. 

Talvez tivéssemos, nessa auto-reflexão, acrescentou,  mais percepção das nossas ambiguidades e das nossas dificuldades em lidar com o fenómeno do terrorismo que, de todo, ainda não abandonámos".

Pacheco Pereira, que louvou "a intenção do Conselho de manter sobre esta matéria uma cooperação com os Estados Unidos" sublinhou que "o terrorismo tem pouco a ver com a pobreza.  É evidente que há pobres envolvidos nas acções terroristas, mas quem manda não é pobre.  E se olharmos para o mundo, o mundo mais pobre não está envolvido no fenómeno do terrorismo: seria de África que viriam os principais actos de terrorismo se, efectivamente, houvesse uma correlação entre o terrorismo e a pobreza. Não há!

O terrorismo é um fenómeno no qual há uma racionalidade política, e essa racionalidade política implica a obtenção de objectivos determinados e implica uma lógica de poder.  E isso não vem, naturalmente, dos mais pobres, ou pelo menos não vem directamente dos mais pobres".

Comentando uma citação de Popper feita pelo Comissário Chris Patten, Pacheco Pereira afirmou que "o nosso problema é também um problema que Popper foi capaz de enunciar: não é tanto o dilema entre as liberdades e a nossa percepção da segurança e a defesa da sociedade aberta, é a nossa incapacidade e dificuldade em acreditar na superioridade moral da democracia, na superioridade moral da liberdade e, actuando na base desta noção, que é uma noção civilizacional e uma noção que os povos de todo o mundo e, em particular, os pobres desejam, talvez tivéssemos capacidade e desenvoltura para actuar contra o terrorismo que, infelizmente, algumas ambiguidades europeias não permitem ter"