20-01-2007

Manuel Alegre

Acho que o que se passou passou-se sem o Governo saber. E isso é o pior de tudo. Nada justifica a violação dos direitos humanos e a utilização do território nacional para fins destes. Conheço bem a minha camarada ANA GOMES, é uma mulher de causas, e é inadmissível o que disse um dirigente do PS [José Lello] que 'para retirar a confiança política é preciso tê-la'. Ninguém, nem mesmo esse dirigente, tem o papel de polícia sinaleiro no PS, ninguém faz de porteiro do PS para dizer quem entra e quem sai. Isso é uma coisa de carácter estalinista.


17-01-2007

Luís Amado

Confirmo que houve voos ao abrigo da operação 'Enduring Freedom', mas não são voos da CIA. Houve voos militares para a base militar de Guantánamo e da base militar de Guantánamo ao abrigo de uma operação que tem mandato das Nações Unidas e da NATO. (...) Foram voos que são autorizados na base de uma autorização genérica para uma operação militar ao serviço das Nações Unidas. (...) Não são voos da CIA, são voos militares. (...) Não cabe ao Estado português pôr em causa a boa-fé da gestão desses voos. Não tenho nada a esconder. Não autorizei, nem tive conhecimento de nenhum voo ilegal. Não tenho conhecimento de nenhuma autorização de nenhum voo ilegal. Demitir-me-ia se descobrisse que tinha autorizado um desses voos.


14-01-2007

Marcelo Rebelo de Sousa

Porque não esclarecer? Nós tínhamos um aliado que estava em guerra, nós estávamos com ele, sabemos que passavam prisioneiros para Guantánamo, não sabemos se tinham culpa formada ou não, sabemos dos aviões que passavam. Porque não dizer isto? Eu não percebo, sobretudo porque se vai saber. É uma ilusão achar que não se vai saber. A América é o país da democracia e vai haver essa transparência. (...) Isto não ofende as relações com os Estados Unidos. Nem põe em causa tudo o que há (se for tratado com dignidade) de secretismo nisto. É um apuramento. Eu tenho a sensação de que se sentem pouco à vontade de cada vez que isto é levantado. Chuta para canto ou esconde para debaixo do tapete. Mas estão enganados porque vai sair de debaixo do tapete. Seja grave ou não seja grave, vai-se saber


10-01-2007

Vera Jardim

Se houver algum indício - e pode vir a haver, não excluímos isso - de que possa ter havido ilegalidades, o PS está disponível para rever esta sua posição.(...) O Governo tem dado a colaboração que tem sido pedida por essa comissão do Parlamento Europeu. Houve três ministros a falar com a comissão e o português foi um deles.


09-01-2007

Ana Gomes

Esta investigação vai ter de ultrapassar o relatório e este não fecha o processo, pelo contrário. (...) Quando o relatório estiver concluído, logo verei qual será o próximo passo a dar.


08-01-2007

Ana Gomes

A verdade é que o ministro [Luís Amado] não facultou à AR [Assembleia da República] ou ao PE os elementos que poderiam servir para fazer essa prova [de ilegalidades ou ilícitos nos voos da CIA] ou para infirmar suspeitas. Não facultou a lista dos voos de e para Guantanamo, apesar de repetidamente pedida. Não facultou listas de passageiros e tripulações em escalas suspeitas. Não forneceu ainda dados solicitados relativamente a outros voos suspeitos. Não permite, assim, que se apure se se verificaram ou não violações da legalidade em território português, cometidas por agentes do Estado português ou por agentes de outros países.


04-01-2007

Ana Gomes

Não admito as insinuações de falta de patriotismo. A minha concepção do governo de um país, como de uma casa, é que não se resolve nada pondo o lixo para baixo do tapete. Prefiro limpá-lo.


27-12-2006

Vasco Graça Moura

Carlos Coelho (uma das personalidades do ano 2006): Tem contribuído para manter, nos limites da sensatez e do rigor probatório, uma caixa de Pandora que outros desejariam desvairadamente escancarada. (Pessoalmente, só lamento não tenha havido mais voos da CIA transportando mais suspeitos de actividades terroristas.)


22-12-2006

José Lello

Colocou indevidamente o nome de Portugal na agenda internacional. (...)No caso dela (Ana Gomes), por desequilíbrio. No caso dele (Carlos Coelho), por interesses político-partidários. (...) A propósito deste assunto, com todo o alarido que levantou, Ana Gomes introduziu Portugal na agenda internacional, sem qualquer motivo, enquanto os países que de facto acolheram voos da CIA no seu território têm passado despercebidos


22-12-2006

Ana Gomes

Rejeito totalmente as acusações de má-fé e de abuso. Sempre agi com total boa-fé, sempre partilhei com o Governo a informação que tinha. (...) os factos estão aí e falam por si relativamente ao comportamento do Governo.


21-12-2006

Luís Amado

Há pessoas que estão a procurar lançar uma cortina de fumo. (...) Houve má-fé e abuso relativamente à confiança que merece uma senhora deputada com quem o Governo tem procurado tratar o assunto."


21-12-2006

José Sócrates

o Governo não tem nada a temer. (...) O ministro dos Negócios Estrangeiros já prestou informações ao Parlamento várias vezes e estamos disponíveis para vir cá mais vezes.(...) Queremos que todos saibam o que aconteceu, para que haja um juízo político sobre a matéria.


09-12-2006

MARTIM SILVA

Podem fazer-se mil e uma críticas a esta comissão liderada pelo enérgico Carlos Coelho, mas a partir do momento em que um país membro da União Europeia acolhe representantes seus (eleitos pelo povo), tem a obrigação básica de não os sujeitar à desconsideração pública de que foram alvo esta semana: dois ex-ministros (de um Governo liderado pelo partido de que faz parte o eurodeputado que lidera a investigação - PSD) que devem ter achado a ementa aziaga e recusaram a última hora o convite para um almoço explicativo. Um ministro dos Negócios Estrangeiros que recebeu os eurodeputados mas revelou uma atitude mais que defensiva, para não dizer hostil; um Parlamento (liderado pelo mais atlantista dos atlantistas portugueses, o açoriano Jaime Gama) que chega ao ponto de deixar salas trancadas à chave para dificultar reuniões!!! Caricato... para não dizer pior. Se a comissão causa incómodo, esse deve ser rebatido no campo do combate político e dos factos. Não no campo da chicana política, das rasteiras ou da pura deselegância.


09-12-2006

SAO JOSE ALMEIDA

Mesmo sem ter em conta a importância do assunto que trazia os eurodeputados a São Bento - e investigar se houve ou não participação ou pelo menos conivência do Estado português para com o eventual transporte de alegados passageiros que tenham sido vitimas de prisão ilegal ou até de tortura praticada pela CIA é de importância maior, porque é evidente que está em causa o respeito pelos direitos humanos -, há uma questão prévia, que é a da existência de limiares mínimos de educação e de respeito pelos outros. O Parlamento Europeu não é uma instituição menor, nem um grupo de bandidos que invadiu a Assembleia e a quem se manda trancar as portas para não roubarem as pratas. Além do mais, os eurodeputados são tão eleitos pelo povo como Jaime Gama, também eles foram democraticamente sufragados no sistema uma pessoa, um voto.


08-12-2006

FERNANDO MADRINHA

O inquérito sobre os famosos 'voos da CIA e a visita que a comissão do Parlamento Europeu fez a Lisboa na quarta-feira deu origem a peripécias pouco dignificantes para as partes envolvidas. O facto de o relatório preliminar, ou projecto de relatório, ser conhecido antes de ouvidas as autoridades portuguesas não pode senão indispor os anfitriões. Mas a resposta a essa desconsideração com outras desconsiderações — sala de reuniões fechada na Assembleia da República, recepção contrariada e com evidente má-vontade no Ministério dos Negócios Estrangeiros — também ajuda pouco. Por mais que a comissão se ponha em bicos de pés e formule os seus juízos antes do tempo devido, o modo displicente como Governo e a maioria encaram o assunto não é a melhor saída, quando se percebe que nada nem ninguém controla o que quer que seja nos aviões particulares.


07-12-2006

PAULO BALDAIA

Na quarta-feira coube à segunda figura de Estado surpreender os portugueses com uma demonstração de má educação - com toda a certeza não é assim que se recebe os representantes dos nossos parceiros europeus. Jaime Gama comportou-se como uma antiga dona de casa que tem todo o seu poder no chaveiro. Obrigado a receber na casa a que preside uma delegação do PE, mas sem ter nada a ver com o assunto, só encontrou uma forma de se fazer notado: mandou fechar à chave a sala onde deveria ter acontecido o encontro entre os parlamentares europeus e os portugueses


07-12-2006

NUNO ROGEIRO

De uma operação vastíssima e clandestina, passou-se para uma operação limitadíssima e conhecida (bilateralmente, ou multilateralmente). A falta de publicidade dever-se-ia apenas à necessidade de não alertar o inimigo (argumento 1), e de proteger os próprios detidos, que teriam revelado "dados importantes", contra acções dos seus ex-companheiros (argumento 2); (...) Parece normal, desta forma, que o Parlamento europeu, como sede da legitimidade política dos povos da união, queira saber pormenores sobre este assunto. No fundo, como se tem dito, as funções de segurança não podem ser, elas mesmas, violadoras das normas que se propõem proteger, nem causas estragos superiores aqueles que reparam. Todo o esclarecimento, de entidades públicas e privadas, neste caso, torna-se bem-vindo e é, quanto a mim, imperativo. O que se dispensa é o ruído, a especulação, e o circo. Já basta a comédia humana


07-12-2006

CARLOS COELHO

É público, disse-o há alguns meses, que estava muito desapontado com a falta de colaboração do Governo. Acho que houve uma má gestão deste dossier desde o início. Na reunião que tivemos em Lisboa, na quarta-feira, o ministro justificou todos os incidentes que referiu com problemas de comunicação e malentendidos, ou seja, retirou-lhes qualquer adjectivação de natureza política.(...) É verdade que não houve em nenhum momento deste processo uma manifestação espontânea de colaboração da parte do Governo. O Governo limitou-se a responder às perguntas que foram feitas, em muitos casos respondeu tarde e mal, mas importa à verdade que se reconheça que outros ministros dos Negócios Estrangeiros recusaram avistar-se com a comissão e esse não é felizmente o caso de Portugal.


06-12-2006

Paulo Portas

Referi a minha convicção de que nenhum membro dos Governo de que fiz parte recebeu tal informação. Mantenho o que afirmei e, por isso, não vejo que contributo útil possa dar para os vossos trabalhos. (...) Não tive tido qualquer conhecimento, pessoal ou institucional, do eventual 'transporte ilegal de prisioneiros' em espaço aéreo português ou qualquer outro.


06-12-2006

Carlos Coelho

Que há voos suspeitos todos sabemos, não vale a pena negar o óbvio. A questão é saber se esses voos suspeitos são ou não actividades ilegais.