Vasco Graça Moura lembrou que a realização da cimeira com o Brasil "esteve desde o início no programa da Presidência Portuguesa" logo "tornava-se evidente que as partes se proporiam lançar as bases para o estabelecimento de uma parceria estratégica". Na opinião do Deputado do PSD não faz "muito sentido expressar agora qualquer surpresa ou preocupação quanto a uma preterição do Mercosul e um favorecimento indevido ou prematuro do Brasil."
Segundo Graça Moura "A dimensão que mercado comercial brasileiro representa para os exportadores europeus não deve ser subestimada. A União Europeia não pode perder a oportunidade de obter uma parceria estratégica com o Brasil. Os factos mostram que as relações da UE com, respectivamente, o Mercosul e o Brasil, estão para já condenadas a andar a duas velocidades. Não é o ideal, mas não se vê que a maior dessas velocidades prejudique a outra. Pelo contrário, pode até constituir um estímulo e levá-la a uma certa aceleração."
Para Vasco Graça Moura o Brasil é hoje "uma potência mundial emergente, a única de entre os Estados membros do Mercosul, de cujo mercado representa 85%. É uma democracia representativa. É um dos principais parceiros comerciais da União. E é um país cujos 200 milhões de habitantes falam uma das línguas europeias mais difundidas no Mundo, a portuguesa, e cujos valores civilizacionais e culturais têm um estreito parentesco com os europeus."
A terminar, o Deputado do PSD afirmou que "sem prejuízo das vantagens que para a União representará um progresso real que venha a ser alcançado nas relações com o Mercosul, concluo não havia, nem há, nenhuma razão de peso para retardar um avanço e um aprofundamento da nossa relação com o Brasil. A UE não tem, além disso, de policiar as vicissitudes internas entre os membros do Mercosul. Pensar diferentemente e remeter para uma altura imprecisa a concretização de objectivos muito importantes da União é um wishful thinking incompatível com o nosso tempo, dando como verificados pressupostos e desideratos que ainda não ocorreram e não se sabe quando ocorrerão."