Carlos Coelho defende Universidade de Verão do PSD como "escola de liberdade"
O eurodeputado do PSD e diretor da Universidade de Verão do partido, Carlos Coelho, defendeu hoje a iniciativa como "uma escola de liberdade", em resposta a críticas do primeiro-ministro que a classificou como "uma escola de maledicência".
"Pelo contrário, a Universidade de Verão é uma escola de liberdade. E desde logo da liberdade de expressão!", escreve Carlos Coelho na rede social Facebook, um dia depois das críticas de António Costa.
No domingo, Costa tinha criticado a iniciativa do PSD de formação de jovens quadros: "Ainda hoje, ao ouvir o líder da oposição a falar no encerramento daquela Universidade de Verão" do PSD -- "que mais parecia uma escola de maledicência que ocupou a semana" -- se verificou "que a receita é sempre a mesma", com o objetivo de "evitar os aumentos salariais e diabolizá-los", afirmou o primeiro-ministro.
Carlos Coelho recorda que foram vários os socialistas que passaram, ao longo das 15 edições, pela Universidade de Verão do PSD, que considera ter acolhido "as personalidades mais destacadas da vida política, económica, social e cultural portuguesa" e "em total liberdade".
"Entre esses, vários socialistas como Mário Soares, Jaime Gama, António Vitorino, Guilherme d'Oliveira Martins, Correia de Campos, João Proença, Luís Amado, Joel Hasse Ferreira e, este ano, Sérgio Sousa Pinto", salienta.
O diretor da iniciativa sublinha que "democracia é também aceitar opiniões diferentes".
"Os alunos da Universidade de Verão sabem-no bem e o primeiro-ministro devia percebê-lo antes de cair no insulto e na desconsideração. Não é bom para o chefe do Governo cristalizar-se a ideia que recorre sistematicamente ao insulto sempre que não tem resposta ou quando a realidade o desmente", criticou.
No domingo à noite, o líder socal-democrata, Pedro Passos Coelho, já tinha dito que António Costa "perdeu uma oportunidade" de "responder" à "visão" de futuro do PSD, nomeadamente na reforma do Estado, lamentando ainda que o debate político esteja "degradado".
A Universidade de Verão do PSD ficou este ano marcada pelas intervenções do ex-Presidente da República Cavaco Silva e do eurodeputado social-democrata Paulo Rangel, que mereceram muitas críticas dos socialistas.
O anterior chefe de Estado defendeu que "a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia" -- referindo explicitamente os casos de França e Grécia, mas aludindo a um terceiro, sem dizer o nome de Portugal - e considerou que aqueles que, nos governos, querem realizar a revolução socialista "acabam por perder o pio ou fingem que piam".
O ex-Presidente criticou também o que considera ser a "verborreia frenética" da maioria dos políticos europeus, elogiando a exceção do Presidente francês, Emmanuel Macron, e pediu aos jovens "força e coragem para combaterem o regresso da censura".
As declarações mereceram reações críticas de PS e BE -- com os socialistas a dizerem que gostariam que Cavaco tivesse "piado mais" quando estava em Belém -- e até do primeiro-ministro e do Presidente da República, já que algumas das críticas foram interpretadas como dirigidas a Marcelo Rebelo de Sousa.
Ainda a polémica à volta de Cavaco marcava a agenda política, quando Paulo Rangel, numa 'aula' na sexta-feira na Universidade de Verão sobre "Portugal e o futuro da Europa", acusou António Costa de "confundir o Estado social com o Estado salarial" aumentando rendimentos, mas, para cumprir as metas orçamentais europeias, fazer "cortes brutais" em áreas como a educação, saúde, segurança e proteção civil.
"O que lamento é que, para cumprirmos as metas europeias e criar a tal ilusão do Estado salarial, tenhamos criado condições de deterioração, de degradação dos nossos serviços públicos essenciais que já causaram vítimas e não foram poucas, é isto que eu lamento", acusou.
Na resposta, o PS considerou "indigno" que Paulo Rangel estivesse a tentar tirar ganhos políticos da tragédia de Pedrógão Grande, acusando o eurodeputado do PSD de mentir porque o Governo não fez cortes, mas aumentou orçamentos em áreas centrais do Estado.
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