Carlos Coelho exige resposta da União Europeia à catástrofe humanitária no Iémen

Carlos Coelho enviou uma pergunta parlamentar à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, sobre a situação no Iémen. Nesta pergunta (que pode consultar aqui), o Eurodeputado questiona a chefe da diplomacia europeia sobre o destino do apoio comunitário e da ajuda humanitária europeia às populações e sobre eventuais sanções às potências estrangeiras que apoiam o conflito armado.

O social-democrata recordou que “o conflito no Iémen criou a pior crise humanitária do mundo. Estamos a falar de 10.000 mortos e quase 60.000 feridos oficialmente reconhecidos, mas a verdade é que estes números podem ser muito mais chocantes. A organização Save the Children, por exemplo, alerta para a possibilidade de mais de 85 mil crianças mortas por fome ou doenças relacionadas com a desnutrição. Mais de um milhão de mulheres grávidas estão em risco por falta de alimentos. Quase meio milhão de crianças estão aguda e severamente mal alimentadas. 250 mil pessoas estão na Fase 5 da escala global para classificar a gravidade e a magnitude da insegurança alimentar e desnutrição, sobretudo localizadas nas zonas de Taiz, Saada, Hajja e Hodeida. Mais de três milhões de deslocados são outra marca do desastre e do desespero que vivem os iemenitas. Acredito na diplomacia e no multilateralismo, mas o prolongar deste conflito sangrento e a tragédia humanitária a que assistimos deve envergonhar a comunidade internacional. Basta olhar para lá destes números e reconhecer um rosto, uma pessoa e uma família atrás de cada um deles. A situação é escandalosamente grave e muitos dos países parecem querer ignorar o que se passa”.

Carlos Coelho destacou que “a União Europeia é um dos principais doadores para o Iémen, com apoios financeiros que já se cifram em 544 milhões de euros, desde 2015, divididos entre programas de apoio a soluções políticas e garantia de segurança e respeito pelos direitos humanos, ajuda humanitária e apoio ao desenvolvimento. A maior fatia deste apoio está em ajuda humanitária, mas continuamos a assistir aos iemenitas já não a morrer à fome: estão a ser mortos à fome! Há relatos chocantes de pessoas que se suicidam para evitar a morte nestas circunstâncias e milhares de jovens que, não tendo alternativa, alistam-se para combater e morrer às mãos de políticos que estão a condenar as pessoas a mortes lentas e dolorosas. Quero saber para onde está a ir o dinheiro da União Europeia e por isso pedi à Alta Representante que apresente garantias de que essa ajuda está a chegar aos destinatários. Não aceito que milhões estejam a ser destinados a salvar estas pessoas da fome e acabem no bolso de políticos ou militares corruptos e sanguinários. Por outro lado, quero saber se a União vai aceitar, de ânimo leve, que Irão e Arábia Saudita continuem a usar o Iémen como campo de batalha, sem que sanções sejam, pelo menos, equacionadas”.