Inocente

15 de Outubro, 2005

22 anos, inocente, o brasileiro Jean Charles de Menezes, dos 8 disparos que o atingiram, morreu com 7 balas na cabeça, assassinado pela polícia britânica.

 

São inaceitáveis as desculpas policiais que encheram as páginas dos jornais e foram rapidamente desmentidas com os testemunhos oculares e com o visionamento dos vídeos de segurança:  que estava ligado a terroristas, que escondia um volume por debaixo do casaco, que teria pulado por cima de uma barra de segurança, que teria tentado fugir à polícia...

 

Os serviços que devem zelar pela Lei tentaram alimentar versões que justificassem o indefensável - a morte de um inocente às mãos da polícia de um Estado democrático.

 

Foi revoltante ouvir o socialista Mayor de Londres, o “red” Livingstone defender, sem rebuço, a política do “shoot to kill” (atirar para matar).

 

Que sejamos claros! O terrorismo é uma ameaça e tem de ser combatido em cada um dos Estados e à escala internacional.  Mas este combate tem de ser feito no respeito das regras do Estado de Direito democrático.

 

As situações de excepção levam a atropelos e a exageros, à violação dos direitos humanos e à destruição dos princípios e dos valores que, ao longo de séculos, a nossa civilização veio consolidando.

 

E é isso que hoje está também em causa.