Carlos Coelho assinalou, em Bruxelas, o Dia Mundial do Refugiado, evocado a 20 de Junho de cada ano, desde 2000, como forma de consciencializar as populações para a situação de quem se vê obrigado a deixar as suas casas e as suas comunidades por força da guerra, de conflitos ou de tragédias naturais. “Marcar o Dia Mundial do Refugiado em 2017 é mais do que uma marca na agenda e palavras de circunstância. Nunca, como hoje, o Mundo conheceu um número tão elevado de refugiados. Quase 66 milhões de pessoas vivem deslocadas e dessas, quase 23 milhões são refugiados. Isto significa que uma em cada 113 pessoas no Mundo vive deslocada: mais que a população do Reino Unido. Se isto não é motivação suficiente para agir, não sei o que será”, afirmou o Deputado ao Parlamento Europeu”.
Questionado sobre os números do último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Carlos Coelho destacou “a situação preocupante das crianças refugiadas, que constituem metade das pessoas deslocadas fora do seu país. Quando falamos de 75.000 crianças não acompanhadas requerentes de asilo estamos a olhar para uma cifra impressionante, mas estou seguro de que o número de menores deslocados forçados é muito mais elevado. Combater este fenómeno é uma emergência, tal como a luta contra o tráfico de seres humanos”. O social-democrata acrescentou, ainda, que “há países de origem de refugiados crónicos, como o Afeganistão e o Iraque, mas destaco particularmente a situação da Síria - que tem um terço da sua população deslocada - e do Sudão do Sul, afectados por conflitos a que a comunidade internacional tem de acorrer, de uma vez por todas. Não conseguiremos inverter este aumento progressivo do número de pessoas deslocadas se não atacarmos a origem e comprometermo-nos com soluções de paz nestes países”.
Sobre o papel da UE, o parlamentar europeu afirmou que “é imperativo que concluamos a reforma do Sistema Europeu Comum de Asilo. De minha parte tenho lutado por um sistema que seja justo para os refugiados, para os países da linha da frente mas também para os de destino”, acrescentado que “precisamos de reconhecer a natureza europeia da política de asilo, só assim poderemos ser mais eficazes e justos. Mas também a sua dimensão internacional, só assim poderemos resolver os problemas na origem”. Numa nota de actualidade, recordou que “de forma particular, tenho envidado todos os esforço para que o pivot desta reforma - a nova Agência Europeia para o Asilo - tenha o mais rapidamente possível todos as competências e todos meios humanos, operacionais e financeiros necessários. Estamos a trabalhar para que um acordo seja possível nas próximas semanas. Temos de ser capazes de prevenir mais crises e garantir real solidariedade europeia”.
Carlos Coelho sublinhou ainda, a necessidade de se obter um pacto global para os refugiados, no quadro das Nações Unidas, recordando que “temos convenções e compromissos internacionais que nos dão um quadro de acção razoável, mas que são violados ou desrespeitados em demasiadas ocasiões. Espero que os esforços das Nações Unidas para um novo instrumento internacional que defenda a educação das crianças refugiadas e a integração das famílias com oportunidades para a sua inclusão e integração nas comunidades que as recebem seja possível”. Alertou, contudo, para o facto de “as pessoas deslocadas querem, na verdade, voltar às suas terras, pelo que o mais urgente é combater as causas do seu deslocamento. Erradicando os conflitos, a violência e as perseguições. É um desafio difícil, mas é um imperativo civilizacional”.