O que queremos do PSD, por Carlos Coelho
O QUE QUEREMOS DO PSD ?
Carlos Coelho, Deputado europeu
Presidente Honorário da JSD
Alternativa:
1. sucessão de duas coisas, cada uma por sua vez
2. sucessão de duas coisas que se excluem entre si
3. opção entre duas coisas; escolha
4. vicissitude, mudança (...)
Dicionário
de Língua Portuguesa, 2009 Porto Editora
A grande diferença entre o
PSD e os restantes partidos da oposição é que o PSD comporta potencialmente uma real
alternativa de Governo. Os outros partidos da
oposição conformam-se em ser eternamente partidos de protesto ou
ambicionam chegar ao governo através de uma coligação com
o PSD ou com o PS.
Esta é a grande
diferença e a especial responsabilidade do PSD. Os eleitores olham para
nós e não querem ver agitação inconsequente, irresponsabilidade
sistemática, superficialidade confrangedora. Querem perceber o que faremos de diferente globalmente e sector a sector. Querem
encontrar verdadeiras alternativas e novos rumos.
Somos capazes de o fazer !
Já o fizemos no passado. As duas figuras que mais marcaram
a História do PSD foram Francisco
Sá Carneiro e Aníbal
Cavaco Silva com estilos diferentes mas com significativos nove factores
comuns em ambas as lideranças:
1. Portugal, primeiro
2. Sublinhar o interesse comum
3. A afirmação da
Diferença
4. A esperança no Futuro
5. Reformar e não apenas
gerir
6. Ter forte
convicção
7. Gerar ideias, apostar nos
quadros
8. Formar uma nova
geração
9. Ser social-democrata
Portugal, primeiro
Quer um quer o outro
preocuparam-se em propor soluções
para o País estabelecendo uma ligação com os portugueses. Apelaram
aos militantes do PSD mas falaram para
os portugueses. Sá Carneiro
disse que “acima da
social-democracia está a Democracia, e acima da Democracia, Portugal”. Cavaco Silva
chegou a ser criticado por invocar com frequência o “interesse nacional”. Os portugueses
reconheceram em ambos “estadistas” e não meros
“políticos” propagadores de promessas.
Sublinhar o interesse comum
Quer um quer o outro sublinharam
o interesse comum não aceitando que os seus governos fossem instrumentos
de grupos económicos, sociais ou religiosos. Recusaram colocar-se em
posições de fragilidade onde fossem vulneráveis a
pressões ou chantagens. Afirmaram a honestidade como traço de carácter e como condição indispensável
em quem exerce funções públicas.
A afirmação da Diferença
Quer um quer o outro (Sá
Carneiro acusado até de o fazer em excesso) marcaram bem as diferenças face aos seus adversários
e - sobretudo - face ao Partido Socialista. Não havia dúvidas que
éramos diferentes e não "passava" a ideia (que é
moda no discurso do BE, do PCP e até do PP) que tanto faz ser PS ou PSD
que “a política é
sempre a mesma”.
A esperança no Futuro
Quer um quer o outro transmitiram
esperança face ao futuro. As suas críticas
não eram ensombradas pela ideia que tudo de pior se poderia esperar mas
exactamente o contrário: Que com as suas lideranças
e as suas propostas era possível
construirmos um Portugal melhor.
Reformar e não apenas gerir
Quer um quer o outro manifestaram
verdadeiro espírito reformista. Sá Carneiro (no
regime político ou na reforma agrária) e Cavaco em diversas
áreas (desde a comunicação social ao mercado de trabalho,
a segurança social, o sistema financeiro, o mercado de habitação
ou a abertura de sectores à iniciativa privada), mostraram que Governar não é apenas gerir
mas reformar, criando melhores condições para servir com mais
eficácia e mais sentido de justiça os nossos concidadãos.
Ter forte convicção
Quer um quer o outro usaram como estilo
uma firme determinação por vezes cortante mas inequívoca. Transmitiam segurança e convicção. Não
havia em nenhum dos dois a sugestão de tibieza ou
hesitação.
Gerar ideias, apostar nos quadros
Quer um quer o outro rodearam-se
de políticos e técnicos com valor apostando numa nova geração. O
Gabinete de Estudos Nacional teve a sua época alta com FSC e, na
primeira metade do mandato de Cavaco Silva, o Instituto Sá Carneiro
(na altura sob a designação de IPSD) desfrutou do seu
período de maior actividade e protagonismo.
Formar uma nova geração
Quer um quer o outro apostaram na
Formação de Quadros e
encararam-na como uma responsabilidade da máquina partidária e
das Fundações ligadas ao Partido. Se com Sá Carneiro essa
aposta podia estar ainda ligada às exigências específicas
da consolidação do Partido na fundação da
Democracia, com Cavaco Silva (e através do IPSD),
atingiu-se o auge na diversidade e quantidade de espaços formativos
sobretudo ao serviço das novas gerações obedecendo
à máxima de semear para
colher. Iniciativas que hoje
conhecemos sob as designações de “Universidade de Verão”, “Universidade Europa” ou “Universidade do Poder Local” tiveram a sua génese nas
experiências formativas da então Área de Juventude do IPSD.
Ser social-democrata
Quer um quer o outro defenderam a
economia social de mercado, valorizando a iniciativa privada mas com uma forte
agenda social virada para os mais desfavorecidos. Ambos defenderam a
expressão criativa da sociedade civil sem cair nos modelos do "Estado mínimo". Ambos afirmaram uma agenda claramente
social-democrata.
MAS O TEMPO CORRE !
O País não fica parado à espera do PSD. É
importante que nos reorganizemos rapidamente. Ou protagonizamos a esperança dos que querem uma real alternativa
ao desgoverno socialista ou corremos o risco de perder o lugar que ocupamos
na Democracia portuguesa.
O PSD deve deixar de se consumir
nas divisões internas e deve escolher um líder forte, sério e credível que:
- coloque
Portugal em primeiro lugar,
- sublinhe
o interesse comum,
- afirme
a nossa diferença,
- nos
devolva a esperança,
- queira
reformar e não apenas gerir,
- exprima
convicção,
- traga
novas ideias,
- aposte
numa nova geração
- e
afirme um programa claramente social-democrata.
E após as
eleições do novo — ou nova — líder, todos teremos a obrigação de
ajudá-lo/a a construir novas propostas e a lutar pelas nossas
causas.
(Texto feito por convite do Psicolaranja. ver comentários aqui: https://psicolaranja.blogs.sapo.pt/529813.html
)
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