Uma das expressões mais fortes desse processo, mas também das contradições que o fragilizam, foi o que se passou em Timor Leste.
Aceite o direito à autodeterminação, no período entre a consulta popular e o reconhecimento do respectivo resultado, milícias armadas, enquadrados por militares indonésios, executaram um minucioso plano de destruição de infra-estruturas públicas e de milhares de habitações, inutilização de culturas e utensílios agrícolas, perseguição da população que, aterrorizada, se refugiou nas montanhas em Timor Ocidental…".
Carlos Costa Neves recordou a deslocação a Timor: "Integrando uma delegação deste Parlamento, fui um dos observadores internacionais do processo de votação. Testemunhei a impressionante sede de liberdade do povo timorense. Tive a noção de que, mal saíssemos, não ficaria pedra sobre pedra.
Estive nos campos de refugiados, já este ano. Lá estão os que cometeram crimes e os que os testemunharam. Lá estão os que , sendo timorenses, serviram e servem o exercito e a administração indonésios, o que por si só não é crime, bem como as respectivas famílias. Lá estão os que não querem perder a sua pensão indonésia, não se percebendo porque é que o governo não a garante mesmo que regressarem a Timor-Leste, o que interessa a todos".
O Deputado social-democrata chamou ainda a atenção para :
"- O julgamento dos que cometeram crimes em Timor-Leste e estão agora em território indonésio, está por fazer. É inaceitável que possam vir a ser subtraídos à justiça por uma lei recentemente publicada …
- Mais de 100.000 refugiados permanecem em Timor Ocidental, autênticos escudos humanos dos autores morais e materiais de crimes em Timor-Leste.
- A justiça que não se faz e os campos de refugiados que se eternizam são espaços de confronto entre os velhos e os novos poderes indonésios e dão nota da fragilidade do processo de democratização. Enquanto persistirem, são razão para redobrada prudência".