Mas, para Arlindo Cunha, "a proposta da Comissão peca por ser muito escassa, limitando-se na maioria dos casos a prolongar o 'status-quo', sem atender às novas dinâmicas dos mercados e à cada vez maior dificuldade em estas regiões serem competitivas nos mercados internacionais, na sequência da aplicação do Acordo de Marraquexe e da Organização Mundial do Comércio (OMC) que, pela primeira vez em meio século de história de acordos multilaterais de comércio, passou a incluir os produtos agrícolas nas disciplinas de redução dos apoios e dos subsídios à exportação e do aumento do acesso aos mercados".
É face a esta insuficiência da proposta da Comissão que Arlindo Cunha salientou o papel desempenhado pelo Relator Miguel Angel Martinez Martinez "que conseguiu trabalhar com todos os seus colegas num clima de bom diálogo e compromisso e com um resultado que melhora claramente a proposta original da Comissão".
Neste âmbito, Arlindo Cunha sublinhou "algumas emendas acolhidas pelo Relator e aprovadas pela Comissão de Agricultura, designadamente no que respeita aos Açores e à Madeira:
- A elegibilidade de castas tradicionais (Jacqué, Isabelle e Herbemont) para efeitos de reestruturação da vinha, incluindo prémios no arranque para aquelas variedades.
- Manutenção do complemento do prémio especial de engorda aos bovinos, por forma a motivar os criadores que não tiverem mais quota de leite a reconverterem para carne e assegurar que as mais valias da engorda não saiam da região sob a forma de exportação de bovinos muito jovens.
- Flexibilidade na atribuição de ajudas à comercialização de plantas e flores sem a necessidade da realização de contratos de campanha com organizações de produtores, o que seria impossível face ao grau de organização da agricultura nestas regiões.
- Alargamento das ajudas à comercialização da batata para consumo.
- Aumento dos direitos de produção e de prémios para produções fundamentais, como as vacas aleitantes, os bovinos de engorda ou a beterraba sacarina.
- Melhoria do Regime Especial de Aprovisionamento com a inclusão de algumas matérias primas fundamentais para manter a competitividade no sector de fabrico de alimentos compostos para animais".
Para Arlindo Cunha, "o Parlamento fez o seu trabalho, num esforço realista de diálogo entre parlamentares e entre estes e os responsáveis políticos das regiões ultraperiféricas da União Europeia esperando agora que o Conselho faça o seu, aceitando as medidas aprovadas pela Comissão de Agricultura e pelo Parlamento".