Durão Barroso esteve bem ao suspender o processo

28 de Novembro, 2004

1 - Quais as suas expectativas para o mandato de 5 anos de José Manuel Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia?

 

Muito positivas.  Não podendo esquecer o orgulho no facto de, pela primeira vez, um português ocupar  o cargo mais importante e mais disputado da União Europeia, não tenho dúvidas que as grandes qualidades políticas e pessoais do Dr. Durão Barroso se vão, uma vez mais, confirmar.

 

2 - Quais os principais desafios que se colocam ao novo executivo comunitário?

 

Nestes cinco anos serão vários os desafios, desde a ratificação do Tratado Constitucional, até à questão da Turquia e dos processos de candidatura da Roménia, Bulgária, Croácia e outros que irão, decerto, ainda surgir.

Mas o mais importante vai ser, na minha opinião:

a capacidade de " digerir" bem o alargamento que fizemos de 15 para 25 Estados-membros;

manter e reforçar o esforço de coesão económica e social que não permita o aumento das assimetrias de desenvolvimento e riqueza dentro da União;

ganhar o combate das perspectivas financeiras que garantam à União o orçamento indispensável para prosseguir as suas missões;

relançar a Estratégia de Lisboa.

 

3 - Esta Comissão Europeia sai enfraquecida pelo "braço de ferro" entre o presidente Barroso e o Parlamento Europeu, na questão da escolha dos comissários ou, pelo contrário sai reforçada pelo resultado da votação dos eurodeputados na semana passada, superior ao verificado aquando da eleição do próprio presidente da Comissão, há cerca de 4 meses?

 

Não.  A Comissão saíria, isso sim, muito enfraquecida se Durão Barroso tivesse insistido em submeter a sua primeira Comissão à votação do Parlamento Europeu.  A Comissão Barroso teria passado por poucos votos, abrindo um conflito entre Comissão e Parlamento Europeu que se arrastaria por cinco penosos anos.  Durão Barroso esteve bem ao suspender o processo, negociar com o Conselho e fazer pequenos acertos que lhe granjearam uma expressiva maioria no Parlamento Europeu.  Como afirmou repetidas vezes - e bem  - o novo Presidente da Comissão Europeia, a Europa precisa de uma "cumplicidade positiva" entre a Comissão e o Parlamento Europeu.