O Parlamento Europeu aprovou hoje, em Estrasburgo, o Relatório sobre produtos com uma duração de vida mais longa: vantagens para os consumidores e as empresas.
Carlos Coelho, Membro da Comissão do Mercado Interno e Protecção dos Consumidores, recordou a este propósito que “a confiança dos consumidores europeus na robustez e duração de vida dos produtos é substancialmente reduzida. Há uma percepção geral que os produtos, especialmente os electrónicos tem ao longo dos tempos, revelado uma duração de vida inferior.”
Segundo dados do eurobarómetro 77% dos cidadãos preferem reparar os seus bens em vez de substituídos mas são obrigados a fazê-lo porque os custos e preços da reparação são desencorajadores.
Este fenómeno afecta em especial os consumidores mais desfavorecidos, primeiras vítimas da obsolescência dos produtos que devido à falta de liquidez recorrem prioritariamente a produtos de baixo custo e de qualidade inferior provenientes de países emergentes e que sofrem avarias mais rapidamente.
Carlos Coelho frisou não estar em causa apenas a vertente ecológica (sobretudo numa altura em que se defende a economia circular) mas também uma vertente económica e de emprego na medida em que o sector da reparação representa uma fonte de empregos.
“Há pois que tomar medidas que valorizem a reparação em vez da substituição, promovendo o sector europeu da reparação, representado na sua grande maioria por micro, pequenas e médias empresas. Esta abordagem tem que ser global pois a vida dos produtos depende da interacção de vários agentes (fabricantes, fornecedores, distribuidores, consumidores)”,
O Parlamento Europeu pede à Comissão, aos Estados-Membros e aos fabricantes que adoptem iniciativas para prologar a vida útil dos produtos, abordando a questão da “obsolescência programada” e recomenda a definição de critérios de resistência mínimos relativos à robustez, à capacidade de reparação e de evolução, por categoria de produto, desde a respetiva concepção.
A criação de um “rótulo europeu voluntário” que abranja a durabilidade, a conceção ecológica e a possibilidade de atualização dos produtos é outra das medidas propostas pelo Parlamento e defendidas por Carlos Coelho de modo a garantir uma melhor informação aos consumidores.