João de Deus Pinheiro considera que a abertura de negociações com a Turquia permitirá clarificar posições

O Deputado João de Deus Pinheiro considerou hoje, em Estrasburgo que a abertura de negociações com a Turquia "permitirá clarificar muitos aspectos hoje duvidosos para ambas as partes e no final caberá a ambas as partes aferir qual o tipo de união que preferem, sendo certo que o casamento e a união de facto, com separação de pessoas e bens, são as opções sobre a mesa".

Falando no debate do Parlamento Europeu sobre a próxima Cimeira Europeia, em nome do Grupo do Partido Popular Europeu de que é 1º Vice-Presidente, João de Deus Pinheiro considerou que o Conselho Europeu irá debater dossiers "decisivos para o futuro próximo da nossa União, exigindo-se aos Chefes de Estado e de Governo, ao Presidente da Comissão e ao Presidente do Parlamento Europeu que, nesta fase de alargamento e aprofundamento conjuguem 3 atributos indispensáveis: ambição, meios adequados e ideias concretas".

Sobre o combate ao terrorismo, João de Deus Pinheiro considerou que este "tem de ser global e sem tréguas. Estados-pária que sirvam de santuário mais ou menos legal ao terrorismo têm que ser sancionados sem hesitação. Como sem hesitação, acrescentou, tem que ser a cooperação internacional aos vários níveis: policial, financeiro e operacional. Nesta área não pode haver falta de recursos ou hesitações".

Sobre as Perspectivas Financeiras, João de Deus Pinheiro defendeu que este dossier "marcará a vontade europeia em aprofundar ou não a União. Os meios, os recursos têm que corresponder à ambição".

Afirmando que "não é possível defraudar os recém-aderentes, os que buscam aderir ou os que militam há mais tempo", João de Deus Pinheiro defendeu que "há que ter o máximo rigor possível mas pensar que a nova Europa se pode construir com os recursos do passado é uma falácia. Se a ambição e a solidariedade não forem o 'lema' da nova Europa, então, envergonhemo-nos das actuais lideranças".

Referindo-se à vasta agenda externa do Conselho Europeu, nomeadamente o Médio-Oriente, o Irão, o Iraque, o Afeganistão, a parceria mediterrânica e as relações transatlânticas, João de Deus Pinheiro lançou a interrogação: "irão os nossos líderes discutir por discutir ou terão ideias concretas a propor? E que meios pretendem mobilizar para o efeito?"

Para o Deputado social democrata, "ambição sem meios é utopia. Ambição sem ideias é demagogia. Ambição com meios e ideias eis o que queremos do Conselho Europeu. Para que deixemos de ser um comparsa no Médio Oriente e zonas vizinhas, para que a parceria transatlântica seja revitalizada e os Estados Unidos deixem de ser um puro 'hard power' e a União Europeia deixe de ser um inócuo 'soft power'. Para que os recém-chegados à União Europeia e os que se propõem entrar, bem como os nossos vizinhos olhem para a União Europeia como uma referência".

João de Deus Pinheiro apelou ainda ao Conselho Europeu para que tenha "ambição, meios e ideias concretas que permitam augurar a outros 'dossiers' alguma perspectiva. Chamem-se os dossiers Estratégia de Lisboa, luta contra a droga ou contra a Sida, política de novas vizinhanças, coesão económica e social, desenvolvimento rural ou desenvolvimento sustentável, só terão credibilidade e condições para avançar se o trinómio ambição, meios adequados, ideias concretas estiver sobre a mesa".