A Primeira-Ministra britânica, Theresa May, e o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, voltaram a reunir, em Bruxelas, para discutir possíveis soluções para o impasse criado pelo “chumbo” do acordo de saída pelo Parlamento britânico. O comunicado conjunto, emitido no final da reunião, indica que existirá nova reunião em breve, mas não avança qualquer conclusão.
Carlos Coelho, que tem acompanhado o processo no Parlamento Europeu, considera que “esta reunião foi inútil e inconsequente” acrescentando que “neste momento, não há qualquer acordo para a saída do Reino Unido e estamos a pouco mais de um mês da data-limite, imposta pelos tratados, o que me leva a acreditar que, se não houver um compromisso real de ambas as partes, estamos perante uma de duas realidades: um «Hard Brexit» ou um prolongamento do prazo que atirará o Brexit para as calendas gregas”. O social-democrata justifica esta posição com o facto de “o factor de divergência mais significativo é a cláusula de «backstop», de salvaguarda da inexistência de fronteira entre as Irlandas. A União Europeia e os 27 são claros no sentido de que não existe espaço para alterar o acordo de saída. E o Parlamento britânico exige alterações a esse acordo para o alterar. Dito assim, até parece que é a União que está a ser intransigente, mas fomos os únicos que nos tentámos aproximar de uma solução, manifestando disponibilidade para negociar a declaração sobre as relações futuras. Na verdade, é aos britânicos que a acusação de intransigência deve ser dirigida. Estamos neste impasse, numa data escandalosamente próxima do 29 de Março, porque o governo britânico não apresenta alternativas e o Parlamento de Londres continua a preferir fazer política interna em vez de debater o verdadeiramente essencial: o que querem, realmente, do Brexit? Ou mesmo se querem mesmo o Brexit...”.
O Eurodeputado declarou, ainda, que “o Parlamento Europeu tem sido ignorado, de forma lamentável, nesta recta final. Não nos podemos esquecer que também nós, Deputados Europeus, temos de aprovar o acordo de saída. E não o faremos com cedências que coloquem em causa linhas vermelhas como a garantia da Paz entre as Irlandas, que só pode ser defendida com a ausência de fronteiras. Uma ausência que, em circunstância alguma, pode ferir a integridade do mercado interno. O calendário está apertado há largos meses, mas agora esta indecisão tornou-se insustentável. Prolongar este período de incerteza está a prejudicar os cidadãos europeus no Reino Unido e os britânicos na Europa, a atingir significativamente as economias - sobretudo a britânica - e a colocar em causa uma relação futura que, desejavelmente, terá de ser tão próxima quanto possível”.