Carlos Coelho afirma que, a cem dias da data limite para a saída do Reino Unido da UE, a legitimidade democrática de qualquer acordo de saída ou sobre relações futuras está prejudicada.
O Eurodeputado alertou, esta quinta-feira, para o prazo apertado para a aprovação do acordo obtido entre os Estados-Membros da União Europeia e o Reino Unido. “Ao longo de quase dois anos aconteceu quase tudo nestas negociações e agora, a cem dias da data marcada para o Brexit, estamos num novo impasse, quando há semanas que está anunciado um acordo. Estamos a falar da mais importante decisão das últimas décadas na Europa e arriscamos a retirar aos cidadãos o poder de dizer o que pensam sobre o nosso futuro separados. Em Londres, parece que o Governo quer retirar a palavra aos britânicos. Já nem falo da hipótese de um novo referendo ou de uma consulta pública sobre o acordo, mas o próprio voto do Parlamento, que tem sido sucessivamente adiado, depois de meses a ser mesmo evitado. E da nossa parte, não consigo aceitar que o Parlamento Europeu, que representa os mais de 500 milhões de cidadãos europeus, não tenha oportunidade de debater o acordo. E aqui não se trata de debater na sala do plenário, mas com os cidadãos que nos elegeram e a quem nós temos de prestar contas, sobretudo numa matéria tão importante como esta. Estamos a cem dias, mas se o acordo só é votado em Londres a meio de Janeiro, ficamos apenas com dois meses para o discutir no Parlamento Europeu e com os cidadãos e para o votar em plena consciência. Isto não é aceitável”.
O social-democrata recordou que “os governos dos Estados-Membros podem decidir o que bem entenderem, mas o mandato dos deputados ao Parlamento Europeu é livre e independente. O voto sobre o acordo obtido para o Brexit não pode ser e não será uma ratificação pura e simples. Temos direito a um debate profundo com aqueles que nos deram e dão legitimidade para decidir: os cidadãos. Espero que, do lado do Reino Unido, haja uma clarificação tão rápida quanto possível, para que, deste lado, tentemos resgatar a legitimidade democrática que, aparentemente, alguns querem evitar”.