José Pacheco Pereira, Vice-Presidente do PE e Chefe da Delegação do PSD no Parlamento Europeu, afirmou hoje, em Estrasburgo, que "os acontecimentos mais recentes, traduzidos numa crise na NATO e numa ameaça de veto no Conselho de Segurança por parte de paises da União, põem profundamente em risco a unidade da Europa. O que se verifica é que não é possível qualquer unidade ou qualquer política externa comum, centrada no anti-americanismo e na complacência face a ditadores perigosos para a paz mundial como Saddam Hussein. Tudo o resto são pretextos".
Pacheco Pereira começou a sua intervenção no debate no Plenário do Parlamento Europeu sobre a questão iraquiana recordando que "o Primeiro Ministro português assinou a carta dos primeiros ministros e chefes de estado europeus, considerando fundamental garantir o desarmamento do Iraque e o cumprimento da resolução 1441. É uma atitude que os deputados portugueses do PPE apoiam sem reservas.
Esta é uma clara posição que se funda na tradição política das democracias europeias assente na aliança transatlântica com a democracia americana (e recorde-se também com a canadiana, a australiana, etc), e pouco surpreende que hoje mereça o apoio da esmagadora maioria dos países europeus, quer os que estão na UE, ou entrarão no próximo alargamento, quer dos outros países do continente".
Para Pacheco Pereira, "convém por isso lembrar aquilo de que não nos devemos esquecer:
1) A Europa não tem capacidade na defesa estratégica face às novas formas de terrorismo internacional coligados com os estados que os apoiam.
2) O único instrumento da defesa estratégica em que participam os países europeus é a NATO. Se esta entrar em crise será a Europa que mais sofrerá, mais do que os Estados Unidos, face aos seus inimigos, porque a Europa não se pode defender.
3) Para as nações do alargamento, com a sua experiência recente de regimes totalitários, as preocupações de segurança são vitais. Provocar uma crise na NATO será profundamente prejudicial para estas nações e fá-las ter confiança apenas em alianças estratégicas bilaterais com os EUA, fora do quadro da UE e da NATO.
4) O efeito de uma crise da NATO isolará os europeus e reforçará as tendências unilaterais dos EUA. Se os EUA e os seus aliados, incluindo a maioria dos países europeus, tiveram que desencadear acções militares para cumprir a resolução 1441 da ONU, sem o apoio explícito da UE e com a NATO bloqueada por três países relevantes da UE, os estragos na relação transatlântica demorarão muito a curar".
Por isso, Pacheco Pereira lembra "ao Conselho e à Comissão, que não podem ignorar esta realidade sob pena de contribuírem para uma Europa frágil e impotente, e de porem em risco, o papel da Europa enquanto unidade política".