A Eurodeputada Sofia Ribeiro confrontou ontem, em sessão plenária, o Comissário Europeu de Agricultura com a situação dramática do sector agrícola nos Açores, tendo afirmado que esta "tem-se agudizado, em grande medida pelo atraso no seu reconhecimento e necessária acção por parte da Comissão Europeia" e que " infelizmente para o sector agrícola, dentro de dois ou três meses, estaremos de novo aqui a debater novas possibilidades de apoios".
Sofia Ribeiro interveio no debate de urgência sobre a crise na agricultura europeia, em que participaram a Comissão Europeia e o Conselho Europeu. Neste debate, o Comissário Hogan apresentou as medidas que visam combater a actual crise, num total de 500 milhões de euros, dos quais 420 milhões servirão para as ajudas directas aos produtores, aumentando assim a sua liquidez. Segundo a Eurodeputada, a verba destinada a Portugal, é manifestamente insuficiente e só o facto de não terem considerado o impacto nos Açores pode justificar um tão baixo envelope, tendo questionado "Que dizer quando se atribui 4,8 Milhões de euros para um país inteiro, quando só numa das suas regiões, os Açores, o prejuízo já ultrapassa os 30 milhões? Aplicar a mesma chave de partição de fundos a EM que estão a sofrer o enorme impacto desta crise em pé de igualdade com outros que mais contribuíram para que ela acontecesse, é, no mínimo, injusto"
Outro apoio anunciado pela Comissão Europeia passa por um reforço em 30 milhões de euros para os programas de informação e promoção dos produtos agrícolas. Sobre este assunto, Sofia Ribeiro questionou o Comissário se este "considera que o sector agrícola, nomeadamente em regiões como os Açores que acumula prejuízos desde o final do ano de 2014, terá capacidade para co-financiar alguma acção?", tendo prosseguido "peço-lhe que considere o financiamento total nas regiões mais afectadas pela crise do leite. Caso contrário, só as grandes empresas europeias terão esta capacidade."
A finalizar a sua intervenção, a Eurodeputada afirmou "Senhor Comissário, a produção de leite nos Açores é um pilar estrutural na nossa economia e assim o é, porque devido aos nossos constrangimentos naturais, não temos alternativas. Sabemos produzir leite e produzimo-lo com muita qualidade, e as suas não decisões, o facto de não olhar para estas Regiões como previsto pelos Tratados, está a levar a uma morte lenta do sector, com enormes prejuízos financeiros, sociais, familiares e económicos."
No encerramento do debate, o Comissário Phil Hogan respondeu à Eurodeputada referindo que esta "sabe bem o que ele pensa sobre o sector nos Açores e que o problema do montante atribuído aos Açores dependerá do acordo entre o Governo Regional dos Açores e o Governo da Republica".