Carlos Coelho reagiu, em Bruxelas, à decisão do Parlamento britânico de mandatar a Primeira-Ministra para renegociar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia. O social-democrata afirma que “parece que apenas a União Europeia está preocupada em garantir uma saída ordenada, com um acordo”.
O Parlamento britânico votou um conjunto de emendas que obrigam Theresa May a renegociar o acordo de saída com a União Europeia, designadamente a cláusula de salvaguarda da fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Carlos Coelho afirmou-se “surpreendido por ver que um Parlamento que rejeitou um acordo de forma tão expressiva há poucos dias, tenha agora reprovado quase todas as emendas e concentrado toda a atenção no chamado «backstop», ao mesmo tempo que se afirma contra uma saída sem acordo. As únicas duas emendas que, na verdade, foram aprovadas por escassa margem”. O Eurodeputado acrescentou que “demorámos um ano e meio em negociações intensas e difíceis e todos os esforços e compromissos parecem estar a ser colocados em causa a menos de dois meses da data-limite para o Brexit. O que seria, à partida, mais difícil, foi alcançado: um acordo entre 27 Estados-Membros diferentes. Um acordo com que o governo britânico se comprometeu e que agora vem contestar, nas vésperas da sua saída”.
O social-democrata espera “uma reacção firme da União Europeia na defesa do acordo de saída que alcançámos. A salvaguarda da «fronteira invisível» entre as Irlandas é uma condição fundamental para preservar a Paz e os Acordos de Sexta-Feira Santa e para garantir a integridade do mercado interno. A partir de 29 de Março não podemos ter um Reino Unido de fora, mas com um pé dentro da UE, através da Irlanda do Norte, sem respeitar as nossas regras. Temos um período transitório até final de 2020 em que a prioridade tem de ser a celebração de um amplo acordo de comércio entre a UE e o Reino Unido e, nesse tratado, encontraremos seguramente uma solução. A menos de dois meses do Brexit não é politicamente viável renegociar algo que ainda teria de ser aprovado, de novo, por 27 Estados diferentes e que, recorde-se, ainda tem de ser debatido e votado no Parlamento Europeu”.
Carlos Coelho declarou, ainda, que “Portugal tem uma relação especial com o Reino Unido que devia motivar outra postura. Centenas de milhares de portugueses vivem, estudam e trabalham no Reino Unido e, a menos de dois meses do Brexit, precisavam de serviços consulares mais eficazes e não estrangulados nos seus meios humanos e financeiros”.