Graça Moura: dimensão cultural é fundamental para o êxito da Estratégia de Lisboa

O Deputado Vasco Graça Moura considera que o texto da recomendação do Parlamento Europeu sobre a revisão da Estratégia de Lisboa "reitera uma retórica de princípios gerais já adquiridos exactamente onde seria desejável um esboço articulado de medidas a tomar em concreto. Dir-se-ia que todos estão de acordo quanto aos objectivos, mas poucos sabem o que fazer para que estes sejam atingidos".

Graça Moura sublinhou na sua intervenção no Plenário do PE que, "uma economia baseada no conhecimento supõe, como no texto se diz, uma educação altamente qualificada, mas não se faz ali nenhuma referência ao facto de uma educação altamente qualificada ter de assentar num percurso escolar também de grande qualidade, desde os primeiros anos de escolaridade. Sendo conhecidas deficiências várias nos ensinos básico e secundário na maioria dos países, é pena que a recomendação não convide os Estados-Membros a examinarem esse aspecto e a procurarem com urgência uma solução para ele. Este documento aponta para o futuro e o futuro não passa sem essa solução".

Por outro lado, considera Vasco Graça Moura, "acentua-se a necessidade de mobilizar a opinião pública europeia de modo a persuadi-la das vantagens da Estratégia de Lisboa e a fazê-la aderir a elas, mas não se diz uma única palavra sobre as políticas da cultura, quer a nível europeu, quer a nível nacional. Fala-se em cultura do diálogo mas nem sequer se fala em diálogo das culturas. Ora, a interiorização por parte de cada cidadão europeu, da necessidade e das vantagens da Estratégia de Lisboa, terá de ser, antes de mais, uma atitude cultural. A cultura não é apenas uma dimensão essencial da democracia, é também o quadro que permitirá medir a distância que vai do insucesso ao êxito numa Estratégia como a de Lisboa, sobretudo se se quer preservar o modelo social europeu".

Para Vasco Graça Moura, "uma economia baseada no conhecimento implica uma visão do mundo que só a cultura pode proporcionar. Por isso mesmo, é de recomendar ao Conselho, à Comissão e aos Governos um especial e sério empenhamento também financeiro, repito, também financeiro, na prossecução das políticas culturais. Sem elas, a Estratégia de Lisboa continuará a ser pouco mais do que um elenco simpático de boas intenções"