Moçambique é um jovem país africano que tem feito um esforço ciclópico para recuperar do atraso criado por duas décadas de guerra civil e se adaptar à democracia.
O caso de sucesso que tem sido Moçambique é o resultado de um esforço que deve ser equitativamente partilhado pelo Governo e pela Oposição, e especialmente pelo povo moçambicano.
Mas todo o esforço que tem sido feito nos últimos 5 anos corre o risco de se perder com a fúria da natureza que se abateu sobre este país nas últimas semanas.
Os números actualizados que nos chegam sobre as dimensões da catástrofe são assustadores, com já cerca de 1 milhão de pessoas desalojadas, mais de 100 mil nos telhados das casas e no cimo das árvores à espera que algum helicóptero as vá salvar, e várias centenas de mortos.
A União Europeia e vários dos seus Estados Membros entre os quais o meu próprio já forneceram apoio financeiro e de emergência, assim como os Estados Unidos e vários países da região, designadamente a República da África do Sul.
De momento é evidente que a primeira prioridade vai para os helicópteros de salvamento e logo a seguir para a ajuda alimentar e demais ajuda humanitária de emergência.
Mas gostaria de sublinhar que a União Europeia e o resto do mundo não poderão limitar a sua ajuda a esta componente de emergência. Há que ter consciência dos estragos que ficarão depois de as cheias passarem. É por isso que se torna urgente que comecemos já a pensar em encontrar apoio financeiro para a reconstituição das infraestruturas que agora foram destruídas, sem as quais Moçambique não poderá continuar a sua caminhada para o desenvolvimento, que tinha começado de forma tão promissora.
Espero que a visita esta semana do Comissário Nielson e da Presidência Portuguesa da UE equacionem devidamente esta importantíssima questão.