O Deputado do PSD Jorge Moreira da Silva, a propósito da realização simultânea do Fórum Económico Mundial, em Davos, e do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, levantou hoje, em Estrasburgo, a questão: "onde reside a verdade na leitura sobre o fenómeno da globalização ?"
Para Jorge Moreira da Silva, "a verdade não está em Davos - que celebra acriticamente a globalização, que destaca a vertente do crescimento económico, que concentra as atenções na produção da riqueza, que defende a política externa americana e que dá voz às empresas e aos governos. Mas a verdade também não reside em Porto Alegre - que demoniza a globalização, que busca exclusivamente a melhoria das políticas sociais e ambientais, que se concentra nos modelos de distribuição da riqueza, que se assume anti-americana e que dá a voz às ONG´s e aos sindicatos.
Davos sem Porto Alegre não faz sentido, como Porto Alegre sem Davos também o não faz. Os dois Fora complementam-se e não dispensam um esforço de síntese. Não será pois exagerado afirmar que, mais do que Davos e Porto Alegre, a leitura mais correcta relativamente à Globalização reside nas Cimeiras da Terra do Rio de Janeiro e de Joanesburgo".
Moreira da Silva defende que, "face à mundialização, que nos trouxe inegáveis vantagens nos domínios económico e tecnológico, mas que intensificou os sinais de desequilíbrio planetário, faz pouco sentido decretar o seu fim - até porque ela é incontornável. O desafio consiste em regular a globalização, tomando o Desenvolvimento Sustentável como o modelo a perseguir".
Com esse fim, Jorge Moreira da Silva sublinhou a necessidade de:
- "Definir indicadores internacionais de Desenvolvimento Sustentável que avaliem o desempenho social, ambiental e económico dos Estados.
- Lançar o 'greening' da economia mundial. Hoje produzir verde ainda não é suficientemente competitivo e comprar verde ainda é um luxo. É urgente actuar ao nível do preço internalizando os custos ambientais em todos os produtos, o que implica avançar para: o fim progressivo dos subsídios ambientalmente insustentáveis, nomeadamente, os que são atribuídos à indústria dos combustíveis fósseis; a eco-rotulagem dos produtos; a elaboração de planos de alteração dos padrões de consumo e produção.
- Impulsionar a boa Governança Internacional, através da reforma das instituições - como a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial - e da criação de novas instituições, como por exemplo, uma Organização Mundial do Ambiente. Um novo desenho institucional é determinante para que as 'ferramentas' da globalização passem a estar ao serviço do Desenvolvimento Sustentável".