O Deputado Jorge Moreira da Silva denunciou no Parlamento Europeu, em Bruxelas, que "apesar da legislação europeia fazer um apelo cada vez maior a práticas agrícolas sustentáveis, como a agricultura extensiva e biológica, a verdade é que gastamos quase metade do orçamento comunitário numa Política Agrícola Comum que discrimina positivamente a agricultura intensiva assente em pesticidas (só em 1999 foram utilizadas 327000 toneladas de pesticidas na agricultura europeia)".
Para Jorge Moreira da Silva, "o argumento utilizado para a utilização dos pesticidas é o do controlo das pragas e, portanto, da maior produtividade. Ora, os pesticidas comportam enormes custos para o meio ambiente (contaminação das águas subterrâneas, perda da biodiversidade) e para a saúde humana (disrupção endócrina, infertilidade, cancro). Vale a pena recordar que, segundo a OMS, os pesticidas estão a provocar anualmente, a nível mundial, a doença a 3 milhões de pessoas e a morte a 220 000 pessoas. Registe-se, igualmente, que os custos sociais e ambientais da utilização dos pesticidas nos Estados Unidos aproximam-se dos 4000 milhões de euros.
Assim, embora reconhecendo a utilidade dos pesticidas no controlo das pragas, os seus efeitos para a saúde humana e para o ambiente exigem a implementação de métodos alternativos (como a agricultura biológica) ou, pelo menos, de uma utilização fortemente limitada e controlada.
Sendo que, a circunstância de se considerar que não existe agricultura rentável sem o uso intensivo de pesticidas, não é verdadeira dado que isso apenas sucede enquanto não se internalizar, no preço final de todos os produtos, o seu verdadeiro custo ambiental e social".
Jorge Moreira da Silva defende que "com a aprovação da nova Estratégia Europeia para a Utilização sustentável dos Pesticidas, nesta sessão plenária, o Parlamento exige que a Comissão Europeia, no quadro da reforma da PAC e da próxima revisão da legislação sobre os produtos químicos, imponha regras mais restritivas ao uso de pesticidas; assegure o cumprimento do objectivo de reduzir em 50%, até 2010, o uso de pesticidas na UE; incentive as práticas agrícolas livres de pesticidas; e realize, por via fiscal, a internalização dos custos sociais e ambientais no preço final de todos os produtos agrícolas"