Pacheco Pereira, que participou no debate do relatório Van Hecke, sobre a cooperação com os países ACP (África, Caraíbas e Pacífico) envolvidos em conflitos armados, e que é hoje votado pelo Parlamento Europeu, defendeu que este relatório "levanta uma questão fundamental, a de saber até que ponto as ajudas internacionais a países em conflito são um factor desse mesmo conflito e até que ponto essas ajudas favorecem governos corruptos e beligerantes".
O Vice-Presidente do PE citou "dois exemplos do papel pernicioso de ajudas internacionais dadas sem condição. Refiro-me, acrescentou, a um país que está ininterruptamente em guerra desde os anos 60 e a um país que tem uma paz precária, mas que as ajudas internacionais de maneira perversa podem prejudicar, que são respectivamente, Angola e Moçambique".
Para Pacheco Pereira, "no caso de Moçambique, em que há uma paz precária conseguida com muita dificuldade, a utilização da ajuda internacional pelo partido no poder no sentido de favorecer determinadas províncias em detrimento de outras, em função dos resultados eleitorais, pode ser em si mesmo um factor importante na crise da paz conseguida com tanto esforço há já alguns anos e no reinício do conflito civil ".
Pacheco Pereira defendeu que esta matéria "deve preocupar essencialmente a União Europeia e os países doadores: saber se em determinados países como Moçambique, a ajuda internacional está a ser utilizada como um instrumento de poder para legitimar um governo que se encontra nos limites da democracia e, desse ponto de vista, a ajudar a acabar com uma paz muito precária".