Carlos Coelho, Relator do Parlamento Europeu para os dossiers relacionados com Schengen, foi muito duro com a Comissão Europeia na sua intervenção e conseguiu o apoio dos restantes Deputados para rejeitar as propostas da Comissão.
A inexistência de fronteiras internas entre os Estados-Membros (EM), obriga os EM´s a confiar no controlo de fronteiras externas feito pelos outros EM´s e que respeitam todas as regras de Schengen. Para tal é necessário haver um processo de avaliação do Sistema de Informações de Schengen que é no fundo a "medida da segurança colectiva dos cidadãos europeus."
O Deputado do PSD, recordou que defende "um mecanismo de avaliação de Schengen que melhore o sistema actualmente existente, tornando-o mais eficiente de forma a assegurar uma aplicação transparente e coerente do Acervo de Schengen" mas mostrou o seu desagrado em relação às propostas da Comissão para cumprir este objectivo.
Nas críticas apresentadas por Carlos Coelho há a destacar o facto do Parlamento Europeu ter um papel "insignificante" neste processo de avaliação, pois segundo o Relator estas propostas operam a "transferência global para a Comissão do papel actualmente desempenhado pelo Conselho quanto ao mecanismo de avaliação, prevendo formas bastante limitadas de cooperação com os Estados Membros e afastando o Parlamento Europeu de todo o processo."
Segundo Carlos Coelho, em termos de substância, as propostas mantêm "inalteradas as regras respeitantes à primeira parte do mandato" pois limitam-se a incorporar as recentes melhorias introduzidas no mecanismo de avaliação em vigor inserindo apenas uma nova provisão relativamente à possibilidade de realização de visitas não anunciadas, inovação que Carlos Coelho aplaude.
Mas o Deputado português critica também o facto de se proceder à total separação dos mecanismos de avaliação no que diz respeito a cada uma das partes do mandato, o que pode pôr em risco a eficiência e a coerência do sistema. Segundo o Relator "Não se devem impor regras e sistemas de avaliação diferentes para os Estados que querem entrar e os que já lá estão."
Segundo Carlos Coelho, não podemos esquecer que "estamos a falar da segurança do Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça, cuja manutenção e aprofundamento é uma responsabilidade partilhada não só pela Comissão enquanto guardiã dos Tratados, mas também pelos Estados Membros que continuam a ser responsáveis pela segurança nas suas fronteiras externas, e pelo Parlamento Europeu que representa os cidadãos europeus."
A terminar, Carlos Coelho, convidou o Vice-Presidente da Comissão Europeia, Jacques Barrot a retirar as propostas, "apresentando novas iniciativas que não só introduzam melhorias em termos de substância, mas consagrem também, no que diz respeito ao procedimento, um papel adequado ao Parlamento Europeu."