O Deputado social democrata, que participou no debate em Plenário sobre as recentes inundações em Portugal, sublinhou que "a natureza foi uma vez mais impiedosa e a fúria da chuva incessante e dos rios desregrados semearam a destruição e a dor. Houve danos materiais vultosos, famílias desalojadas, feridos e mortos".
Para Carlos Coelho, "há duas questões de fundo que interessa recordar: No Plano Global : A protecção do Ambiente e as Mudanças Climáticas. Há alguns anos apenas, quem falava nisso era utópico, alarmista e até um pouco louco. Hoje a evidência é clara para todos e temos de decidir com eficácia para impedir que a situação piore; No Plano de Portugal: Que não haja dúvidas: não pretendo ceder à demagogia . O Governo do meu País e as autoridades locais não são responsáveis pelas chuvas que caíram, mas há uma responsabilidade de que não se podem eximir: mais rigor no ordenamento do território, maior resistência à especulação urbana, recusar a construção nos leitos de cheia, melhor gestão dos leitos dos rios e das descargas das barragens.
Temos todos de colaborar não apenas para socorrer agora quem precisa de ajuda mas acautelando as medidas e as acções que previnam e reduzam a probabilidade de desastres semelhantes no futuro".
O Parlamento Europeu discutiu uma Resolução Comum de compromisso entre diversos grupos políticos (envolvendo Deputados dos 4 partidos portugueses) com o seguinte teor:
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO COMUM sobre as inundações em Portugal
(debate sobre questões actuais, urgentes e muito importantes)
O Parlamento Europeu,
Considerando as graves condições climatéricas que têm vindo a assolar Portugal neste Inverno, particularmente as que se verificaram no fim-de-semana de 26 a 28 de Janeiro, especialmente no Norte e Centro do país;
Considerando que os seus efeitos provocaram perdas de vidas humanas e enormes sofrimentos pessoais, assim como a destruição ou danificação de habitações e de bens utilitários de milhares de famílias;
Considerando os avultados danos materiais, nomeadamente a destruição de infra-estruturas de transportes, industriais e comerciais, de redes telecomunicações e de energia, elevados prejuízos na agricultura e na pesca, e em todas as actividades económicas em geral;
Considerando que se aponta para a existência de dezenas de milhões de contos de prejuízos;
Considerando que as autoridades nacionais e locais portuguesas se vêem confrontadas com a tarefa de reconstruir as zonas afectadas, para além de terem de resolver de imediato problemas sanitários e de alojamento que vitimaram centenas de famílias, e de apoiar sectores económicos muito atingidos como a agricultura e o comércio;
Considerando que a manifestação de vontade já anunciada pela Comissão Europeia de que se empenhará num apoio adequado para fazer face aos problemas sociais e económicos decorrentes da destruição referida;
Expressa os seus sinceros pêsames às famílias das vítimas e manifesta a sua solidariedade para com as pessoas desalojadas e que perderam os seus haveres e a todas as populações afectadas, muito particularmente às das bacias dos rios Douro, Mondego e Tejo;
Enaltece os esforços levados a cabo pelas diversas entidades portuguesas envolvidas e que se mobilizaram no sentido de auxiliarem as vítimas das inundações, em particular, as várias corporações de bombeiros, organismos militares e organizações de voluntários;
Solicita à Comissão que, em colaboração com o governo português e com as autoridades locais, atribua um apoio financeiro excepcional para complementar os meios postos ao dispor pelas entidades portuguesas no sentido de dar resposta às necessidades urgentes das populações mais afectadas, à reconstrução das infra-estruturas destruídas e à recuperação das actividades económicas;
Insiste de novo junto da Comissão e das autoridades dos Estados-membros, de acordo com anteriores posições adoptadas por este Parlamento, na urgência de serem tomadas medidas vocacionadas para a prevenção e socorro em situações de emergência ou catástrofe que incluam a dotação de meios técnicos e humanos operacionais adequados;
Chama à atenção dos Estados membros para a necessidade cada vez mais premente de inverter a actual destruição de ecossistemas, de empreender um saneamento a longo prazo do meio ambiente, incluindo o dos rios e respectivos leitos, e dos sistemas de rega, diques e barragens;
Encarrega a Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão, ao Governo de Portugal e à Assembleia da República Portuguesa, bem como às Câmaras e Assembleias Municipais envolvidas.