Jorge Moreira da Silva, que chefiou a Delegação do Parlamento Europeu que hoje terminou uma visita oficial à Rússia, exprimiu, em nome da delegação "frustação e desapontamento pelas reacções que obtiveram em Moscovo, tanto da parte dos deputados como dos membros do governo, relativamente à ratificação do Protocolo de Quioto".
Moreira da Silva recordou que, "com o abandono dos Estados Unidos, responsáveis por mais de 40% das emissões de gases com efeito de estufa, é imprescindível que a Rússia ratifique o Protocolo de Quioto para que este entre em aplicação. Apesar de, neste momento, mais de 117 países já terem ratificado Quioto, a verdade é que apenas estão cobertas 44% do total das emissões destes gases, quando é necessário que sejam cobertas 55% das emissões nos países desenvolvidos".
Jorge Moreira da Silva afirmou que, "há um ano atrás fomos surpreendidos pelas declarações do Presidente Puttin, segundo as quais, embora pretendessem ratificar Quioto, só o fariam depois de realizar uma avaliação do seu impacto económico na Rússia. As conclusões desses estudos foram apresentadas há cerca de duas semanas e afirmam aquilo que sabíamos ser óbvio: a Rússia tem consideráveis vantagens no plano ambiental com a ratificação de Quioto, uma vez que será seriamente afectada pelo aquecimento global e terá vantagens económicas ainda mais significativas dado que o Protocolo de Quioto utiliza como ano de referência o de 1990 e a Rússia terá, assim, oportunidade de vender no mercado as emissões de que não necessita".
O Deputado salientou que "segundo dados da Comissão Europeia, a Rússia poderá lucrar 3.000 milhões de euros por ano com Quioto". Estando provado que Quioto é vantajoso para a Rússia, Moreira da Silva afirma que "foi com grande surpresa que constatámos que o Governo russo procura agora novos pretextos para não ratificar o protocolo".
Para Jorge Moreira da Silva, "com esta visita tornou-se óbvio que a ratificação será novamente adiada e será condicionada à conclusão das negociações relacionadas com outros temas, principalmente a adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio".
Jorge Moreira da Silva sublinhou ainda que "o adiamento da entrada em vigor do Protocolo de Quioto terá consequências muito negativas a três níveis: no plano ambiental, porque nunca como hoje foi tão urgente mitigar as alterações climáticas; no plano económico, porque é urgente reduzir os custos das medidas de redução das emissões de gases com efeito de estufa; no plano político, porque descredibiliza a comunidade internacional".
O Deputado social democrata considera, assim, "determinante que a União Europeia, à semelhança do que esta delegação do Parlamento Europeu fez, dê máxima prioridade à pressão política sobre a Rússia para que ratifique Quioto".