Mea Culpa

15 de Março, 2005

Não há partido como o PS para dar o dito por não dito. O que o PS diz na oposição nada tem a ver com o que faz quando é poder.

Foi também assim com o Referendo europeu. No final de 2003 convidámos os agentes políticos a considerar a possibilidade de promover o referendo sobre o Tratado Constitucional europeu em simultâneo com as eleições europeias. Fazia todo o sentido, era o mesmo debate.

O PS apressou-se a recusar fazer coincidir o referendo com qualquer acto eleitoral. Estava na oposição. Agora é poder e vem propô-lo em simultâneo com as eleições autárquicas...

Para que a pergunta fosse clara propusemos que se procedesse a uma revisão constitucional cirúrgica que tornasse possível referendar uma Convenção Internacional. O PS recusou e foi o principal responsável por uma pergunta absurda que viria a ser ingloriamente “chumbada” pelo Tribunal Constitucional.

Estava na oposição.

Agora o PS é poder e já admite rever a Constituição para tornar possível o que antes inviabilizou.

Nós somos fiéis ao que sempre defendemos: É necessário referendar o projecto europeu. O que o PS agora propõe não é a melhor solução. Mas não seremos nós a inviabilizar o referendo europeu. Votar pela Europa pode ser assim também uma bofetada de luva branca...