A Turquia e a UE
1. A Turquia é europeia? A questão geográfica e histórica...
Uns dos argumentos mais esgrimidos para recusar a adesão da Turquia prende-se com a sua geografia e a sua História.
A Turquia é um país grande (780.000 km2), ou seja mais de duas vezes o tamanho da Alemanha, com o seu território divido por dois continentes: a Europa (3,33%) e a Ásia (96,7%).
Os opositores à adesão da Turquia argumentam que se trata de um Estado demasiado grande e muito populoso (70 milhões). Ao aderir, a Turquia seria de facto o maior Estado Membro da UE em km2 e um dos mais habitados. As previsões da evolução demográfica prevêm mesmo que em vinte anos se tornaria no mais populoso estado da união. No entanto, o argumento do tamanho ou da população nunca foi considerado. Coexistem na atual UE dos 25 Estados com 80 milhões de habitantes (Alemanha) com estados com mesnos de 500 mil (Luxemburgo ou Malta).
Da mesma forma, o argumento da localização da Turquia no continente asiático, não é relevante para impedir a sua adesão. Com efeito, o Tratado da União Europeia não define o espaço físico europeu. Trata-se de uma questão meramente política. Istambul, segunda cidade da Turquia e a cidade mais habitada (9 milhões), fica do lado do continente europeu.
No século XX, a Turquia atravessou um período histórico conturbado. Uma sociedade à procura de si própria: um Estado laico mas com população muçulmana e não-árabe, democrático mas com um peso excessivo das forças armadas, nacionalista mas com cidadãos de diferentes etnias, ...
Mustafa Kemal Ataturk, fundador da moderna República turca, realizou profundas reformas políticas e socio-económicas, virando a Turquia para o continente europeu.
As reformas realizadas recentemente para aderir à UE (a abolição da pena de morte, reconhecimento da comunidade Curda e novo código penal) são vistas como a continuação deste modelo de modernização.