Graça Moura começou por lembrar que vem "de um país cuja história, nos últimos seis séculos, está intimamente ligada ao conhecimento das línguas estrangeiras faladas nas mais variadas partes do nosso planeta. Os portugueses tiveram sempre de aprender a falar as línguas dos povos que foram seus interlocutores e, por sua vez, levaram uma língua europeia, a portuguesa, aos quatro cantos do mundo em que ela, hoje, é falada por 200 milhões de seres humanos.
Para mim, acrescentou o Deputado português, torna-se pois de uma evidência natural o alcance de uma iniciativa como a do Ano Europeu das Línguas – 2001, numa época em que a Europa se confronta com uma nova dimensão da sua história e em que temos todos plena consciência da extraordinária riqueza representada pela diversidade cultural e linguística dos povos europeus e dispomos de vasta elaboração conceptual, levada a cabo pelo Conselho da Europa e mesmo por este Parlamento, que leva a conceber a língua materna como um dos direitos fundamentais da pessoa humana. É neste quadro, em que confluem a história e a civilização, a dinâmica dos processos culturais e a elaboração jurídica, a premência do presente e uma necessária perspectiva do futuro, que ganha o seu pleno relevo a proposta de aprendizagem de línguas estrangeiras feita a todos os cidadãos da União Europeia".
Para Graça Moura, "nas várias emendas propostas ao texto inicial ressaltavam não apenas estas preocupações mas também as de uma verdadeira política neste domínio que, sem colidir com o princípio de subsidiariedade, permitisse assegurar a qualidade e a eficácia da campanha de incentivos à aprendizagem de línguas estrangeiras, bem como a diversidade de públicos-alvo, com especial atenção para os sectores mais desfavorecidos das populações".
Vasco Graça Moura salientou que "a metodologia seguida na elaboração do relatório procurou, por uma via completamente informal, e através de contactos intensivos e diversificados com os coordenadores dos grupos políticos da comissão parlamentar da Cultura, com representantes da Presidência Portuguesa e com elementos da Comissão, detectar sistematicamente a linha de fronteira entre o que seria aceitável para os vários pólos institucionais envolvidos e o que não o seria.
Chegou-se assim a um texto de compromisso que há todas as razões para supor tenha tornado dispensáveis uma eventual segunda leitura e uma eventual conciliação, ou seja, uma solução que permita que o processo termine em primeira leitura e que as acções preparatórias do Ano Europeu das Línguas arranquem já no segundo semestre deste ano civil, de modo a que o programa entre em vigor logo no início de 2001. As últimas dificuldades, creio, serão limadas por certo pela declaração que todos esperamos seja feita pela Senhora Comissária Reding".
Para Vasco Graça Moura, "isto não quer dizer que estejamos no melhor dos mundos possíveis: consideramos muito insuficientes os recursos orçamentados, entendemos que há acções a jusante do programa que se tornará imperativo calibrar e desenvolver e também que há toda uma outra série de aspectos que ficaram de fora, por dizerem respeito, já não a uma campanha de aprendizagem, mas ao estatuto das línguas europeias, que por qualquer razão, histórica ou política, são menos faladas ou mais desfavorecidas nalguns Estados membros.
Estes pontos requerem, acrescentou, também uma atenção urgente por parte das instituições comunitárias. Mas nada disto invalida que o texto de compromisso contenha um enorme potencial de bons resultados, correspondendo a um anseio e uma necessidade efectivas dos povos da União e contemplando já, directa ou indirectamente, uma boa parte dos grandes princípios que nesta matéria são de consagrar".