O Parlamento Europeu aprovou hoje o Relatório Descamps sobre a iniciativa "i2010: Bibliotecas digitais", em que os eurodeputados recomendam a criação de uma biblioteca digital europeia, que sirva de ponto de acesso único, directo e multilingue ao património cultural europeu. Os Eurodeputados salientam que se deve tirar partido das iniciativas europeias já lançadas que possam contribuir para o desenvolvimento inicial da biblioteca digital, dando o exemplo do projecto Europeana, que reúne as bibliotecas nacionais de França, da Hungria e de Portugal.
Vasco Graça Moura considerou que este "brilhante" relatório "é um documento que vem dar uma contribuição importantíssima à questão das relações entre a tecnologia digital e o património cultural."
Na sua intervenção Vasco Graça Moura salientou que o Relatório Descamps "fica a marcar esta legislatura no plano das relações entre a tecnologia mais avançada e a cultura europeia de todos os tempos"ao prever a "coordenação de esforços entre as instituições nacionais, nomeadamente as bibliotecas e, no futuro, outras instituições ligadas à cultura; arrancando, de uma maneira prática, com as obras que se encontram no domínio público; propondo o aproveitamento eficaz de sinergias e a transmissão de boas práticas entre os intervenientes no processo a todos os níveis; apelando aos Estados membros no sentido de estimularem o projecto e encontrarem maneira de evitar duplicações de esforços na digitalização dos fundos;"
Segundo Graça Moura "falando da cultura europeia, estamos também a falar na cultura universal. Não só porque o património cultural europeu merece esse qualificativo, mas ainda porque a própria diversidade cultural da Europa constitui um sistema plenamente aberto e isso não deixará de ter reflexos positivos à medida que o projecto for avançando."
"Trata-se, além disso, de um projecto que foi evoluindo. Surgiu como uma falácia chauviniste de fazer concorrência ao Google mas veio a ser, depois de várias vicissitudes, reenquadrado em termos mais sensatos, mais realistas e mais produtivos. Deixou de ser aquilo a que o Financial Times chamava então "a blatant case of misguided and unnecessary nationalism".
Na opinião do Deputado do PSD "A Biblioteca Digital Europeia distingue-se de outras soluções por ser um projecto da União Europeia, por pretender chegar a todas as bibliotecas, por prever apoiar-se em iniciativas já existentes e por querer abranger todas as categorias do património cultural europeu, não se confinando aos materiais impressos."
No entanto Vasco Graça Moura salientou alguns problemas que ainda subsistem, como:encontrar parcerias de financiamento com o sector privado; evitar quanto possível que as velocidades de execução sejam muito diferentes entre os Estados membros; dar solução a alguns aspectos técnicos no tocante à coordenação do acesso às obras digitalizadas; preservar os conteúdos digitalizados; resolver a questão de um motor de pesquisa integrado sobre a meta-informação para os documentos em modo de imagem e de pesquisa directa para os documentos em modo texto; encontrar soluções de inter-operabilidade dos conteúdos; tornar possível a pesquisa multilingue por assunto ou palavras-chave, para além da situação corrente de ela se fazer por autor ou título...
O Deputado português lembrou "que será essencial a troca de experiências entre instituições, muito em especial com as americanas, bem como uma forte componente de investigação e desenvolvimento para os bons resultados do projecto."
A terminar Vasco Graça Moura disse que o Parlamento Europeu ao aprovar o relatório Descamps, estaria a dar "um verdadeiro passo em relação ao futuro. "