A crise da França por causa do CPE
CPE
Contrato de Primeiro
Emprego
Desde
de início de Março de 2006 que as ruas de França foram
ocupadas por manifestações de estudantes e sindicatos todos
unidos contra a adopção de uma lei sobre o Emprego jovem.
Fique
agora a saber mais sobre esta polémica.
O que significa CPE?
CPE são as
iniciais de "Contrat Première Embauche", ou seja contrato de
primeiro emprego.
O que é o CPE?
Trata-se de uma lei que é parte da segunda fase de um Pacote legislativo mais amplo de
medidas de luta contra o desemprego.
Para além do CPE, esta fase
prevê ainda medidas legislativas:
- de exoneração de encargos
sociais para a entidade patronal no caso de contratação de novos
trabalhadores durante o ano de 2006;
- de protecção e
revalorização dos estágios profissionais;
- de promoção da
formação profissional no seio das empresas;
- de incentivo aos trabalhadores mais idosos
para se reintegrarem no mercado de trabalho;
- de acompanhamento personalizado dos
desempregados na busca de novo emprego;
A terceira fase deste Pacote legislativo
prende-se com o financiamento da protecção social, a reforma do
contrato de trabalho e a redução dos encargos relativos às
horas extraordinárias.
O que prevê o CPE?
O CPE é uma lei que pretende enquadrar
a contratação de jovens trabalhadores com menos de 26 anos.
O CPE aplica-se a qualquer empresa com mais
de 20 trabalhadores e consiste num contrato de duração indefinida
(CDI). As regras relativas ao vencimento são iguais aos contratos
tradicionais.
A particularidade do CPE em
relação aos contratos tradicionais é que os dois primeiros
anos de contratação são vistos como um período de
experiência, em que a entidade empregadora pode despedir o jovem sem
qualquer obrigação de justificar o sucedido e mediante uma
notificação prévia de 15 dias se o despedimento ocorrer
nos seis primeiros meses e 1 mês para o resto do período de dois
anos.
Após este período de 2 anos, o
contrato passa a ser equiparado aos contratos de trabalho tradicionais.
Os estágios, a formação
profissional e os contratos com duração determinadas são
descontados do período de experiência de 2 anos.
Após 4 meses de trabalho no
âmbito de um CPE, o trabalhador despedido tem direito a usufruir do fundo
de desemprego.
Qual a razão de ser do CPE?
O Presidente da República, Jacques
Chirac e o governo do Primeiro-Ministro Dominique de Villepin alegam que o CPE
é um instrumento que permitiria a redução do desemprego
jovem.
Com efeito, a França é um dos
países com a taxa mais alta de desemprego entre jovens em toda a Europa.
Cerca de 21.6% dos jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos
estão desempregados (Fevereiro de 2006). Este valor é mais do dobro
da média nacional de desemprego, que é de 9,6%.
Em Portugal, o desemprego nos menos de 25
anos situa-se nos 16.2%, para uma média nacional de desemprego na ordem
dos 7.7% (Fevereiro de 2006).
De Villepin argumenta ainda que além
de aumentar as oportunidades para jovens trabalhadores, o CPE também
oferece mais flexibilidade aos empregadores que temem contratar novos
trabalhadores devido à rigidez do Código de Trabalho para despedimentos,
caso eles não se adaptem ao cargo ou não sejam mais
necessários.
Quais as principais
críticas ao CPE?
A ausência de
justificação para o despedimento e a duração de 2
anos do período de experiência são as principais
críticas dirigidas pelos estudantes e os sindicalistas franceses.
O exemplo invocado com alguma
frequência é o caso do estudante licenciado, que pretenda entrar
no mercado de trabalho antes dos seus 26 anos ficaria abrangido pelo CPE e a
precariedade laboral a ele associado.
Na sua alocução pública,
o Presidente da República, Jacques Chirac propôs reduzir o
período de experiência para um ano e obrigar empregadores a
justificar os despedimentos.
Acresce ainda que esta lei já foi
aprovada pela Assembleia Nacional através de um procedimento de
urgência e foi inclusivamente promulgada pelo Presidente da
República. Todo este procedimento legislativo realizou-se sem qualquer
consulta aos parceiros sociais ou a representantes de jovens.
Por estes motivos, os estudantes e
sindicalistas não querem encetar negociações a posteriori com vista à
revisão da lei, mas sim que o CPE seja pura e simplesmente retirado.
Os protestos de estudantes estão relacionados com
os distúrbios de rua de 2005?
O desemprego dos jovens e a falta de
oportunidades foram apontados como uma das causas dos protestos violentos nos
bairros mais pobres da França em 2005.
O governo acredita que a nova lei vai ajudar
jovens desempregados nessas áreas, onde as taxas de desemprego nesta
faixa etária chegam a 40%.
Existem outros Estados-Membros com CPE?
Não,
não existe um contrato do tipo CPE noutros Estados-Membros. Os
países que sofrem com taxas elevadas de desemprego junto dos jovens
(Itália, Bélgica e Espanha) apostaram mais nos contratos de
aprendizagem e nos contratos com duração determinada. Foi
nomeadamente esta receita que permitiu à Espanha reduzir para metade em
10 anos a taxa de desemprego dos jovens.
Quais os próximos passos na crise do CPE?
Em 10 de Abril, o
Presidente da República Jacques Chirac convocou um conselho de Ministros
restrito para debater a posição do governo em
relação ao CPE e às 10 semanas de crise,
manifestações e greves que se verificaram em França.
Dessa
reunião, saiu a decisão de retirar o CPE e substituí-lo
por um conjunto de medidas em prol da inserção profissional de
jovens com dificuldades em entrar no mercado de trabalho.
- 7 de Março, 2017 - Sofia Ribeiro defende a aposta na inovação e empreendedorismo no âmbito da economia Azul
- 15 de Fevereiro, 2017 - Luz Verde para o CETA: uma nova etapa nas relações UE-Canadá
- 5 de Janeiro, 2017 - Carlos Coelho apoia economia social e solidária e a sua designação para Ano Europeu em 2018
- 3 de Janeiro, 2017 - Carlos Coelho e sofia Ribeiro defendem o acesso ao emprego por parte das pessoas que sofrem de doenças neurológicas ou dor crónica
- 22 de Setembro, 2016 - Carlos Coelho e Sofia Ribeiro defendem a necessidade de um plano especial de investimento destinado a sub-regiões com elevados níveis de desemprego
- 14 de Abril, 2016 - Carlos Coelho na luta contra o desemprego juvenil
- 25 de Fevereiro, 2016 - Carlos Coelho aplaude Relatório Ribeiro sobre o Semestre Europeu
- 4 de Dezembro, 2015 - “Plano Juncker” – um desafio à mobilização de empresas, municípios e entidades locais
- 25 de Novembro, 2015 - Carlos Coelho defende Melhor Saúde e Segurança no Trabalho
- 6 de Outubro, 2015 - Carlos Coelho defende indicação geográfica para produtos tradicionais portugueses
- 10 de Setembro, 2018 - Carlos Coelho sobre "Direitos Sociais e Exclusão"
- 15 de Julho, 2014 - Jean-Claude Juncker apresenta as suas Linhas de Acção
- 14 de Março, 2013 - Despedimentos na Netjets
- 16 de Janeiro, 2013 - Despedimentos na Netjets
- 18 de Abril, 2012 - Decisões da Comissão Europeia tomadas na sua 1998ª reunião de 18 de Abril de 2012
- 5 de Março, 2012 - Crescimento (Editorial da Carta da Europa)
- 5 de Abril, 2011 - Decisões da Comissão Europeia tomadas na sua 1955ª reunião de 5 de Abril de 2011
- 21 de Dezembro, 2010 - Decisões da Comissão Europeia tomadas na sua 1941ª reunião de 21 de Dezembro de 2010
- 23 de Novembro, 2010 - Decisões da Comissão Europeia tomadas na sua reunião de 23 de Novembro de 2010
- 30 de Abril, 2010 - Europa do Séc XXI: Um Secretariado mais exigente