Associativismo em tempos de crise
Associativismo em tempos de crise
Carlos Coelho, Deputado ao Parlamento Europeu,
1.Novembro.2011
O Homem é um ser gregário que se realiza em sociedade.
Mesmo em Portugal, onde tradicionalmente não se estimula a participação da designada "sociedade civil", há (felizmente) uma grande variedade de expressões do movimento associativo: organização livre e espontânea de cidadãos.
Seja com fins de promoção, divulgação e participação desportiva, artística, cultural, social ou política, seja com motivações ecológicas de protecção do ambiente e de promoção da qualidade de vida, seja como expressão solidária de carácter humanitário e protecção social, seja como organizações com preocupações educativas como as Associações de Pais, ou de natureza económica como cooperativas ou Associações de Desenvolvimento, há um património de relações inter-pessoais, de proximidade, de intercomunicação e de trabalho comunitário que enriquece a nossa estrutura social.
Face à rigidez da burocracia dos serviços públicos e à frieza dos mercados, as associações revelam maior flexibilidade e dão respostas mais eficazes e humanas.
Em tempo de crises, o papel das Associações é ainda mais importante quer no plano das respostas sociais, quer no enquadramento da solidariedade e no acolhimento do espírito de voluntariado.
2011 foi consagrado "Ano Europeu das actividades de Voluntariado que promovem uma cidadania aberta". Procura-se estimular o intercâmbio de experiências e de boas práticas e aumentar a visibilidade das actividades de voluntariado.
Com efeito, estima-se que, em 2010, cerca de 100 milhões de europeus exerciam actividades de voluntariado, sendo certo que o tipo de iniciativas e o escopo destas prestações variam de país para país, e até de região para região. Curiosamente, é comum à maior parte dos Estados da UE que sejam adultos entre os 30 e os 50 anos os que se dedicam mais a estas actividades embora se tenha verificado, sobretudo nos últimos anos, um aumento dos voluntários mais jovens e dos mais idosos.
A UE reconhece o valor social inestimável do voluntariado e sublinha que ele constitui uma "expressão tangível de democracia participativa, existindo uma forte relação entre voluntariado e cidadania activa".
A apreciação social do voluntariado está também a crescer não apenas nas áreas directamente ligadas com a intervenção social mas mesmo na área económica cada vez mais empresas ao recrutar colaboradores valorizam, na análise curricular, candidatos que, para além da sua valia académica e profissional, têm um historial de participação associativa e de actividades de voluntariado.
Por isso, sobretudo neste Ano Europeu e neste quadro de crise económica e social, importa que consigamos não apenas apoiar as organizações que aqui têm um papel relevante como sensibilizar as pessoas e as instituições para a importância e o valor do voluntariado. Importará, também, contribuir para melhorar o voluntariado ao nível das condições em que é praticado, em termos de acesso e também do seu reconhecimento valorizando as capacidades e as competências desenvolvidas através do seu exercício.
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