Arlindo Cunha sublinhou que "a proposta agora em apreço visa aprovar um envelope financeiro de 197 milhões de euros para ajudar à reconversão dos navios e dos pescadores que até 1999 pescavam em águas marroquinas e que no caso português eram 30 embarcações e cerca de 700 pescadores. Desse total, é proposto afectar a Portugal 10,6 milhões de euros, ou seja, apenas 5,4%, sendo o restante para Espanha".
O Deputado social democrata defendeu que esta proposta da Comissão deveria ser melhorada em vários aspectos e destacou os seguintes:
"O primeiro é que não faz sentido a rigidez que a proposta de regulamento impõe em relação à percentagem das verbas a afectar a cada tipo de acções - 40% para demolição de navios, 28% para modernização dos navios e seus equipamentos com vista à reconversão para outros tipos de pesca, e 32% para medidas sócio económicas.
O que faria sentido era, dentro do envelope global e de regras claras, deixar a cada Estado membro a flexibilidade para afectação dessas verbas em função das suas necessidades específicas. No caso de Portugal impor-se-ia, por exemplo, aumentar as verbas para algumas despesas sociais como o aumento dos prémios individuais aos tripulantes em caso de mudança para outro sector ou de abate do navio, ou o aumento da comparticipação comunitária no co-financiamento dos regimes nacionais de ajudas à pré-reforma ou à reforma antecipada.
O segundo é que, um envelope desta natureza também deveria incluir verbas para a reconversão económica de zonas fortemente dependentes da pesca e incluir no quadro da compensação actividades colaterais que dependiam exclusiva ou maioritariamente da actividade pesqueira, como é designadamente o caso da indústria de transformação de pescado. Isto implicaria que o envelope financeiro fosse reforçado, o que não aconteceu na proposta em apreço.
O terceiro aspecto que gostaria de sublinhar é que, na óptica da Comissão, esta ajuda visa essencialmente encerrar um capítulo da política comum de pescas, que foi o fim do Acordo de Marrocos, sem fazer qualquer esforço paralelo para alargar as possibilidades de pesca noutras águas de Países Terceiros, nem prever apoios a uma maior internacionalização das empresas armadoras, com o mesmo objectivo".
Foi neste sentido que Arlindo Cunha apresentou "algumas emendas, que foram aprovadas pela Comissão das Pescas. Se essas emendas forem aprovadas, juntamente com as da Relatora e de outros colegas, a proposta da Comissão será indiscutivelmente melhorada. Espero que o Plenário aprove pois as emendas da Comissão das Pescas e que o Conselho as tenha na devida conta".