SOCIALISTAS TÊM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS NA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO
Socialistas portugueses e Bloco de Esquerda juntam-se no voto contra a referência a José Sócrates e ao caso da TVI
O Deputado Carlos Coelho, denunciou hoje, em Estrasburgo, que os socialistas têm dois pesos e duas medidas na liberdade de informação: "Quando os socialistas europeus apresentam uma Resolução sobre a liberdade de informação em Itália confundem o Parlamento Europeu com o Parlamento italiano. Demonstram ter dois pesos e duas medidas quando recusam a proposta de inclusão de outros casos nacionais como o caso alemão, o húngaro ou o português onde se referia a injustificável supressão do Jornal Nacional da TVI".
O Deputado português afirmou que: "A liberdade de informação e de expressão é um dos princípios básicos nos quais assenta a União Europeia e essencial em qualquer democracia. Também por isso não se deve banalizar este debate ou instrumentalizá-lo politicamente".
E apontou o dedo aos socialistas portugueses afirmando. "Para eles não interessa a liberdade de informação na Europa mas apenas em Itália... Curiosamente no mesmo dia em que se sabe que Portugal cai 14 pontos no ranking da liberdade de imprensa produzido pelos Repórteres sem Fronteiras".
Carlos Coelho admitiu que a relação entre o poder político e o jornalismo é complexa e delicada, mas deixou claro que "ninguém deve ter o direito de impor a sua verdade, censurando ideias, perseguindo jornalistas ou limitando a liberdade de expressão e informação".
background:
Os socialistas europeus propuseram, no Parlamento Europeu, uma Resolução sobre a Liberdade de Informação em que só se referia a Itália. Diversos Deputados apresentaram alterações visando acrescentar à Resolução outros casos nacionais.
Os Deputados Carlos Coelho e Mário David propuseram que se acrescentasse:
"Considerando que houve suspeitas graves de interferência nos meios de comunicação por parte do Primeiro-Ministro português e do Partido Socialista relativamente às edições de jornais e de canais de TV (por exemplo, o cancelamento do programa noticioso nacional mais popular - o Jornal nacional - alguns dias antes das eleições legislativas), bem como de acções judiciais intentadas contra jornalistas com opiniões discordantes do governo;"
Esta alteração foi recusada por 338 votos contra, 269 a favor e 83 abstenções. Dos eleitos portugueses pronunciaram-se CONTRA a referência a José Sócrates e à TVI os 7 Deputados socialistas e os 3 do Bloco de Esquerda, a FAVOR, os 8 Deputados do PSD e 2 do CDS-PP tendo-se ABSTIDO os 2 Deputados do PCP.
A Resolução inalterada foi recusada por 338 votos contra, 335 a favor e 25 abstenções. Todas as Resoluções apresentadas pelos diferentes Grupos Políticos viriam a ser recusadas não tendo, assim, o Parlamento Europeu aprovado nenhum documento sobre a matéria.