Para Arlindo Cunha, "pelo contrário, tem-se andado para trás, como o prova o presente regulamento comunitário relativo à protecção das florestas contra os incêndios. Na verdade, depois de esta medida ter beneficiado de um montante anual de 14 milhões de €uros entre 1992 e 1996, é agora proposto que esse montante passe para 10 milhões até 2001, ou seja 40% menos.
Trata-se, pois, acrescentou, de uma proposta inexplicável num momento em que a floresta precisa de protecção contra vários tipos de perigos, especialmente a mediterrânica que, em razão do clima, está mais sujeita ao risco dos incêndios e mais tem sido delapidada".
Arlindo Cunha recordou que "a floresta e a agricultura têm uma natural e estreita relação de complementaridade física e económica, quer no estrito contexto das explorações agrícolas, quer em termos gerais da ocupação do espaço e do ordenamento do território.
A importância da floresta na União Europeia fica patente nos 36% do território que ocupa (130 milhões de hectares) ou nos 2,2 milhões de postos de trabalho directos que cria.
Em muitas zonas do território da UE, a floresta é não raras vezes a única alternativa económica, devido à pobreza dos solos e à exiguidade de outros recursos naturais.
E é manifesto que a sua importância está longe de se limitar ao aspecto económico. Tem inúmeras outras dimensões de interesse social e ambiental tal como a protecção dos solos e a luta contra a erosão, a preservação dos recursos aquíferos, da biodiversidade da fauna e da flora, a regularidade climática, etc.
Apesar disso tudo, a floresta tem sido uma espécie de 'filha bastarda' das políticas comunitárias, em particular da PAC.
E foi só ao fim de muitos anos, em 1998, com empenho do Parlamento Europeu, que a União Europeia conseguiu finalmente aprovar uma estratégia para a preservação e o desenvolvimento das suas florestas. A razão desta lenta evolução é conhecida, prendendo-se com os interesses de vários Estados Membros que querem manter as florestas fora da área de influência das políticas comunitárias. Todavia, face à sua inequívoca inter-relação com a agricultura (65% da área florestal da UE é privada e está em larga medida integrada nas explorações) e ao seu impacto territorial, é inexplicável que a Comissão não tenha sido mais ambiciosa nas suas propostas e o Conselho tenha sido tão curto de vistas".
A terminar, Arlindo Cunha, lançou dois apelos à Comissão e ao Conselho. "O primeiro é para que estas dotações sejam substancialmente acrescidas e mais integradas especialmente a partir da data em que expira o actual regulamento, 2001. O segundo é para que seja previsto e co-financiado pela UE um sistema comunitário de informação de incêndios florestais, que entre outras funções assegure o financiamento de: investigação sobre as causas dos incêndios, técnicas de combate, formação de quadros e de formadores não só para os serviços públicos como também para os Bombeiros, difusão dos vários sistemas de organização e combate e de outras experiências relevantes, financiamento e formação de agentes para um sistema de alerta rápido a criar ou reforçar nos vários Estados Membros".